Coluna Animal

1º de Novembro: Dia Mundial do Veganismo

30/10/2021 | Tempo de leitura: 4 min

A Coluna Animal desta semana vai tratar do Dia Mundial do Veganismo (World Vegan Day), comemorado no dia 1º de Novembro, cujo objetivo é divulgar o que é veganismo e quais seus benefícios para os animais humanos, animais não humanos e meio ambiente.

O veganismo é uma filosofia, uma concepção ética e um modo de vida. É um movimento político, que visa a modificação da sociedade e alcançar a consideração moral dos animais. O movimento é pautado sobre o fundamento do Direito do Animal, ou seja, o reconhecimento de que os animais, sendo seres sencientes (seres que sentem, podem sentir dor, medo, felicidade, prazer, fazer escolhas conscientes etc), devem ser incluídos em nossa comunidade moral e terem seus direitos respeitados, não sendo, portanto, os seres humanos os únicos a terem direitos. Os animais possuem direitos? Sim, eles possuem direitos. Mas, ao contrário dos seres humanos, não possuem deveres. Os animais possuem os Direitos elementares, sendo estes os únicos que lhes interessam. São direitos básicos, como Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito à vida, liberdade física, psíquica, direito à saúde, de convivência com outros de sua espécie se forem seres sociais, direito de terem autonomia para buscar os meios para sua sobrevivência e seu bem estar e direito de não serem utilizados como recursos ou meios para fins humanos, tendo sua existência, propósito em si mesma, afinal, eles tem valor intrínseco, a chamada dignidade.

Thomas Regan, um dos filósofos do veganismo, define bem em uma frase: “Os animais não existem em função do homem, eles possuem uma existência e um valor próprios. Uma moral que não incorpore essa verdade é vazia. Um sistema jurídico que exclua essa verdade é cego".

Quais as atividades que o ser humano pratica que provocam exploração dos animais: alimentação com o consumo de carne de quaisquer animais, vertebrados ou invertebrados, ovos, leite, gelatina animal, mel, cochonilha, etc; vestuário, como o uso de couro e outras peles, lã, penas, plumas, seda, etc; entretenimento, como zoológicos e aquários, circos com animais, rodeios, touradas, corridas de animais, feiras e exposições de animais, rinhas, pesca, caça, vaquejadas, farras-do-boi, cavalgadas e quaisquer uso de animais em práticas que dizem ser esportivas; qualquer trabalho que utilize tração animal, cão-guia, cão farejador, cão de caça, cão policial, cão segurança, etc; experimentação animal como procedimentos científicos ou didáticos, testes de segurança ou de qualidade de produtos diversos, para indústria bélica; comércio de animais domésticos, exóticos ou silvestres; utilização de animais em rituais religiosos, entre muitas outras outras práticas humanas que desconsideram a dignidade dos animais, utilizando-os como meio para atingir objetivos humanos, desconsiderando seus interesses.

As pessoas que defendem apenas uma espécie de animais, como os pets, sem se importar com a defesa dos outros, se enquadram no conceito de especismo. O especismo é uma espécie de preconceito. Assim como existe o machismo e o racismo, o especismo também é algo que deve ser evitado. Na proteção animal, vemos muitas pessoas que se dizem protetoras de animais, fazendo eventos com venda de pizzas, pasteis de carne, presunto e queijo, enfim, utilizando animais, o que não se mostra coerente quando dizem ser "protetores de animais". O adequado seria "protetores de pets", alinhando-se a teoria com a prática.

Não podemos falar em defesa animal, ou "protetor de animais", quando na realidade prática, apenas se está em defesa de uma espécie de animais, ou seja, a defesa de cães e gatos, que é a mais comum. Isso sem desmerecer, é claro, o trabalho dos protetores de pets. Apenas visando, aqui, adequar a teoria com a prática e conceituar o que de fato é "protetor de animais".

Para os seres humanos, através de inúmeras pesquisas cientificas, foi provado e comprovado que a alimentação de origem vegetal é a mais saudável, pois diminui os níveis de açúcar no sangue, melhora a função renal, ajuda a diminuir a chance de alguns cânceres (câncer de colo, próstata e mama), diminui doenças cardíacas, entre outros benefícios. Para o meio ambiente, os benefícios do veganismo são que cerca de 50% de emissões de carbono são reduzidas. Se a quantidade de grãos que é produzida no mundo não fosse para alimentar animais para a produção de carne e derivados, ninguém passaria fome, pois a quantidade é tamanha que daria para alimentar 7 vezes a quantidade de humanos e animais que habitam a terra. Reforçando essas afirmações, a filosofa vegana Sônia Felipe explica que, para se obter um kilo de carne bovina, gastam-se em torno de 110 kg de comida (dada ao animal, ao longo da vida). Para o abate de UM bovino, gasta-se o equivalente a três meses de energia elétrica para uma casa com um ou dois moradores. Para "produzir" 1 litro de leite, são excretados 11 kg de fezes!

Logo, o veganismo não se limita apenas a proteger animais contra crueldades e sim ao combate do aquecimento global, proteção do meio ambiente e do futuro de toda a humanidade.

O veganismo já é uma realidade que não pode ser negada, já esta acontecendo a olhos nus. Basta olharmos a quantidade de produtos veganos que grandes marcas lançam todos os dias, visando atingir o publico vegano que a cada dia cresce mais. A sociedade está evoluindo moralmente e um dia, não muito distante, a libertação dos animais acontecerá em sua plenitude.

Thaís Viotto é Presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Animal (COMUPDA) e da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB Bauru (CPDA OAB Bauru).

Email: comupda@gmail.com

http://www.facebook.com/comupda.bauru/

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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