Reflexão e Fé

504 anos da reforma protestante

31/10/2021 | Tempo de leitura: 4 min

Aos 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, Germânia, dando início ao movimento que viria a ser conhecido como Reforma Protestante, donde se originaram, direta ou indiretamente, as chamadas igrejas evangélicas. A Reforma Protestante colocou o mundo religioso, político e social de "cabeça pra baixo", impactando a ciência, a educação, as artes, a religião, a economia e etc. Muitos contribuíram para o evento da Reforma além de Martim Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564). Muitas mulheres contribuíram para o movimento protestante, além de pensadores como Philipp Melanchthon (1497-1560), Ulrich Zwinglio (1484-1531), Thomas Müntzer (1489-1525), Martin Bucer (1491-1551), Johannes Brenz (1499-1570), Jan Hus (1369-1415), Johannes Bugenhagen (1485-1558). Sobre a Reforma no campo da fé, Lutero não elaborou novas doutrinas, mas sua pretensão foi retornar as Escrituras Sagradas soterrada sob os escombros da tradição medieval. A Reforma resgatou e restabeleceu a Escritura como fonte suprema da fé cristã. Um dos pontos mais emblemáticos do movimento foi resgatar o entendimento bíblico da "Justificação pela graça mediante a fé" contestando a compreensão de salvação por méritos e obras, que tinha como símbolo distintivo a venda de indulgências a fim de se obter o perdão divino. O movimento da Reforma resgatou o ensino bíblico de que a salvação, derivada do perdão divino, é concedida pela misericórdia gratuita de Deus àqueles que confiam em Jesus Cristo como seu salvador. A Reforma acentuou que somente Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2.5), afinal a sua obra na cruz é suficiente e exclusiva para a salvação do arrependido. Assim, todos poderiam e podem, comparecer diante de Deus por meio de Cristo.

Para parte dos cristãos, portanto, 31 de outubro é dia de celebrar a grande Reforma Protestante, movimento que mudou o mundo resgatando os preceitos das Escrituras Sagradas, através de indivíduos de olhos fixos nas Escrituras, atentos às necessidades do povo e sensíveis à seus púlpitos e cátedras. Agora, definitivamente, 31 de outubro não é, para nenhum cristão, dia do famigerado Halloween, o "Dia das Bruxas" e nem "Dia do Saci-Pererê". O Halloween, apesar de ter se tornado uma brincadeira, mas todo esse "background" de feitiçaria, ritualismos para o "Senhor dos mortos", com evocações macabras e demoníacas, nada tem a ver com o Deus da vida, do amor e da paz, que gera e sustenta a existência de todos os seres viventes.

Logo, 31 de outubro é dia de memorar há 504 anos, um dos maiores eventos de transformação do mundo. Claro que vivemos numa sociedade bem diferente da de Lutero, Zwinglio e Calvino. Eles viajavam em carroças, nós em automóveis e aviões; escreviam com penas de ganso, nós digitamos em tablets; eles se relacionavam olho no olho, nós pelo WhatsApp. Mas talvez a maior diferença daquele tempo da Reforma é que se vivia numa cultura cristã homogênea, enquanto que hoje vivemos num ambiente pluralista e pós-cristão. Quando interpretavam às Escrituras Sagradas, os protestantes não precisavam convencer seus contemporâneos sobre a autoridade bíblica. Nós, no entanto, não podemos mais pressupor que as pessoas à nossa volta a reconheçam. Por isso, nesse dia importante, não basta repetir os reformadores, mas devemos aprender deles a atentar, pela ótica da cosmovisão cristã, novas reformas para essa sociedade apodrecida. Esse dia da Reforma é uma oportunidade de num mundo de intolerantes contradições, levantarmos a bandeira da ética, do amor, do respeito, da justiça e da verdade em Nome de Cristo. O mesmo poder do Espírito de Deus que atuou nos profetas bíblicos e nos dias da Reforma Protestante, nos ajudará a defender as cores da bandeira da justiça divina pela verdade.

Ainda há muito que estudar e conhecer quanto à Reforma no Brasil. Há uma riqueza muito grande em textos de outros reformadores que permanecem como ilustres desconhecidos. Praticamente nada se sabe no Brasil sobre Heinrich Bullinger, Martin Bucer, Johannes Oecalampadius, Pietro Martire Vermigle, além das mulheres como Katharina von Bora, Claudete Beise Ulrich, Katharina Schütz Zell, Argula de Stauff Grumbach, Maria Helena Ost, Ruthild Brakemeier e vários outras e outros.

O Brasil que desponta como potência emergente em vários aspectos, que também surjam líderes para fomentar uma Reforma Reformando. Não uma Reforma para satisfazer desejos por novidades, mas para continuar retornando aos princípios da Palavra de Deus em um mundo que reinventa os mesmos erros de outrora.

Graças a Deus pela Reforma Protestante.

Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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