Coluna Animal

O triste fim do programa de castração em Bauru

13/11/2021 | Tempo de leitura: 4 min

A Coluna Animal dessa semana vai tratar do triste fim do excelente programa de controle ético da população canina e felina de Bauru, programa de castração para os cães e gatos da população de baixa renda que foi encerrado pela prefeitura de Bauru na administração Suéllen Rosin nesse ano de 2021. Há seis anos, funcionava em Bauru um programa de castração para os animais da população de baixa renda, que foi conquistado após muito suor da ONG Naturae Vitae, através de ação judicial, obrigando o município de Bauru a cumprir a lei que previa que todo município deveria ter programa de castração para os animais da população de baixa renda.

O programa foi coordenado pelo Conselho Municipal de Proteção e Defesa Animal (COMUPDA) em conjunto com os conselheiros, Secretaria do Meio Ambiente (SEMMA) e Secretaria do Bem Estar Social (SEBES). Através do cadastro único da população de baixa renda, foi possível mapear as famílias em situação de vulnerabilidade social que não tinham condições financeiras de custear a castração de seus pets e em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente que detinha os recursos financeiros para o programa no Plano Plurianual. Foi aberto um chamamento público para as clinicas veterinárias se cadastrarem, assim, tínhamos várias clínicas na cidade realizando o procedimento de avaliação, exame clínico, hemograma, castração, microchipagem dos animais e orientação aos tutores que tinham todo respaldo de complicações pós cirúrgicas. Se tratava de um programa ético.

A castração é a alternativa eficaz no controle populacional e propicia a redução da natalidade sem agredir os direitos e o bem estar animal. Além de evitar que os animais tenham crias desnecessárias, gerando mais animais que ficariam abandonados já que nem todos conseguem um lar, com apenas seis meses, esses filhotes entram e idade fértil e passam a gerar mais filhotes, criando assim, um ciclo infinito de ninhadas, abandono, sofrimento e morte. Pesquisas comprovam que animais nascidos nessas condições de abandono, morrem nos primeiros dias de vida, de fome, doenças, frio, atropelamentos...

Com a pandemia e o conseqüente desemprego, miserabilidade, muitos animais que tinham casa foram parar na rua, muitos desses acabaram se reproduzindo, gerando mais filhotes aumentando ainda mais a situação caótica que vivemos em relação aos animais domésticos, como os cães e gatos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que no Brasil haja 30 milhões de cães e gatos abandonados na rua, numero esse que é extremamente preocupante, pois além do sofrimento animal, existe o risco de esses animais transmitirem zoonoses para os seres humanos. Daí a importância de termos no municípios programas contínuos de castração de animais como o que vinha acontecendo há seis anos em Bauru, pois somente assim é possível fazer o controle populacional desse animais. Ações isoladas com mutirão de castração que foi feito em Bauru, não resolve o problema, apenas gasta-se dinheiro público e não dá resultados efetivos naquilo que se busca, que é a diminuição da quantidade de caninos e felinos que se reproduzem várias vezes por ano, gerando até um centena de descendentes entre as várias gerações que acabam nascendo, bem como não se verifica acompanhamento veterinário para complicações de pós cirúrgico que podem advir depois de dias da castração realizada.

O contato com animais silvestres, quando chegam à área verde, também pode ser um problema. Quando animais em situação de rua entram nas áreas verdes e parques naturais, onde vivem os animais silvestres, eles predam a fauna. Ou seja, comem as espécies. Os gatos, por exemplo, comem muitas aves. Já os cães, atacam veados, ouriços, macacos, entre outras espécies que vivem na área urbana”, afirma o presidente da Comissão de Médicos - Veterinários de Animais Selvagens do CRMVSP, Marcello Nardi.

Precisamos, urgentemente, que a Prefeitura Municipal de Bauru, retome o programa ético de controle populacional o quanto antes, pois já estamos há quase um ano sem programa de castração ético, aumentando a cada dia que passa a superpopulação de cães e gatos nas periferias da cidade, e por melhor que seja o trabalho de protetores de animais, é impossível recolher todas as ninhadas que nascem, não há lar para todos, além de provocar um descontrole na fauna urbana, como já foi citado no parágrafo anterior.

Thaís Viotto

Presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Animal (COMUPDA) e da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB Bauru (CPDA OAB Bauru)

Email: comupda@gmail.com

http://www.facebook.com/comupda.bauru

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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