
A lista de pontos crônicos de alagamentos em Bauru durante chuvas mais intensas, já bastante conhecida dos moradores e que inclui vias como as avenidas Nações Unidas, Comendador José da Silva Martha e Alfredo Maia, ganhou mais um endereço: os Altos da Cidade. Com frequência cada vez maior, ruas como a Vereador Joaquim da Silva Martha, São Gonçalo e Maria José estão inundando, mesmo diante de precipitações rápidas, mas de grande volume.
Para quem vive na cidade, já está se tornando comum assistir a vídeos destas vias transformadas em verdadeiros rios de mais de um metro e meio de altura e correnteza forte, com carros sendo arrastados pela enorme quantidade de água. Assim, cenas que eram quase uma exclusividade de regiões de fundo de vale agora começam a ser vistas rotineiramente, nesta época do ano, também em partes mais altas do município.
Segundo a Defesa Civil de Bauru e a Secretaria Municipal de Obras, o problema tem se intensificado nos últimos três anos e é provocado por uma conjunção de fatores, que envolve principalmente o excesso de lixo arrastado para as galerias de águas pluviais e o aumento da impermeabilização nesta região da cidade. E, ao menos no curto prazo, não há previsão para solucionar os transtornos causados pelas chuvas naquela área (leia mais ao lado).
Segundo Marcelo Ryal Dias, coordenador da Defesa Civil, as águas que inundam a região da Vila Universitária descem da área da avenida Getúlio Vargas, nas proximidades do Aeroclube, passando pela alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, onde registros de enxurrada também estão se tornando recorrentes, até ruas como a Maria José, São Gonçalo, Vereador Joaquim da Silva Martha e Joaquim Fidélis, em direção à av. Nações Unidas.
ADENSAMENTO
"Esta região recebeu muitos empreendimentos residenciais e comerciais novos na última década. Muitos terrenos que existiam foram ocupados, o que aumentou as áreas impermeabilizadas. Agora, quando chove, essa água desce da parte mais alta da Zona Sul com violência em direção a estas ruas da Vila Universitária", comenta.
Secretário municipal de Obras, Leandro Joaquim acrescenta que as recém-construídas pistas marginais da rodovia Marechal Rondon também contribuíram para ampliar as áreas impermeabilizadas e piorar o quadro. "Isso aumentou em muito o volume de água que desce para a Nações Unidas e acreditamos que também está colaborando para levar mais água para os bairros, a partir da região do Bauru Shopping", frisa.
Outro problema, acrescenta Ryal, foi a perda de hábito dos moradores de manter lixeiras nas calçadas, sendo que, por motivos estéticos ou por atos de vandalismo, muitas foram suprimidas ao longo dos últimos anos e, em novas habitações, a instalação delas sequer é considerada. Com isso, os sacos de lixo passaram a ser depositados nas guias e arrastados pela enxurrada para dentro das galerias pluviais quando o temporal chega antes dos caminhões de coleta.
REDE ENTUPIDA
"Com três, quatro, cinco chuvas, as tubulações vão saturando, entupindo e o lixo forma uma espécie de rolha, fazendo com que a água fique na superfície. Da mesma forma, o acúmulo de folhas de árvores e detritos pequenos, como papeis e itens plásticos, também contribui para este entupimento da rede", avalia.
Segundo Leandro Joaquim, a secretaria conta, hoje, com uma equipe de apenas cinco servidores para realizar este serviço de desobstrução das galerias. O número, evidentemente, é insuficiente para garantir a manutenção preventiva das tubulações, com a frequência que seria necessária, nos pontos críticos da cidade. "Mas estamos preparando um edital para contratar um equipamento que chama sugão, usado para desentupir bocas de lobo. Normalmente, nossa equipe consegue desobstruir cinco, seis bocas de lobo em um dia. Com este aparelho, conseguimos fazer até 30. Mas isso não irá resolver o problema daquela região. Precisamos também de conscientização da população", comenta.