Reinaldo Cafeo

Prévia da inflação: retração de 0,99% em janeiro

20/03/2022 | Tempo de leitura: 3 min

O Banco Central brasileiro divulga o IBC-Br (índice da Atividade Econômica), que mesmo tendo metodologia diferente do cálculo do PIB (IBGE), é considerado pelo mercado como uma prévia do PIB. Por este indicador a economia brasileira teve retração de 0,99% em janeiro deste ano na comparação com dezembro do ano passado. Veio pior do que o mercado projetava. Lembrando que foi o primeiro resultado negativo desde setembro do ano passado.

Indicadores do IBGE já indicavam um janeiro ruim

Os indicadores setoriais divulgados pelo IBGE já apontavam para um janeiro ruim. A produção industrial brasileira fechou negativa em 2,4%, o varejo teve alta modesta de 0,8% e o setor de serviços recuou 0,1% no mesmo período. Com inflação ainda elevada e juros subindo, a economia fica amarrada.

E por falar em juros: BC eleva a taxa básica de juros

A taxa básica de juros no Brasil que há dois anos era de 2% ao ano, agora atingiu 11,75%. Se lá atrás, diante da pandemia, levando ao isolamento sociais, com inúmeras atividades econômicas paralisadas, a prioridade era evitar queda mais acentuada da economia, agora, a situação é outra, é a inflação que passou a ser o centro do problema. A política monetária, da qual a política de juros faz parte, age na direção de segurar o consumo das famílias, e com isso, na média dos preços do mercado, a inflação fica controlada.

Separando o joio do trigo

É importante esclarecer que a elevação dos juros da economia não tem relação direta com o consumo de bens de consumo, como por exemplo, os produtos que compõem a cesta básica. No máximo os juros influenciarão os custos das empresas que operam no setor, porém, é um efeito secundário. A lógica econômica aqui é segurar os preços dos bens financiáveis, isto é, aqueles que dependem dos juros, como os bens duráveis. Também há expectativa de atrair os investidores, os agentes superavitários, para que apliquem seus recursos em vez de consumir. Assim vários preços da economia continuarão subindo, outros se estabilizarão e ainda há os que terão seus preços menores. O resultado é, inflação tende a desacelerar.

Mais tempo para inflação cair

Quando considerávamos somente os desequilíbrios provocados pela pandemia, era previsível que a inflação desacelerasse entre abril e maio deste ano. Contudo, veio a guerra entre Rússia e Ucrânia e novamente tivemos uma redução na oferta de produtos fundamentais para a cadeia produtiva, gerando altas nos preços em combustíveis, trigo, soja e outras commodities alimentícias e metálicas. O período para termos a desinflação será maior. Mesmo com o fim do conflito haverá um tempo para reconstrução até que as coisas voltam ao normal, assim, teremos que ter um pouco mais de paciência para chegarmos em um nível de inflação "aceitável".

Juros aumentaram também nos Estados Unidos

A inflação americana anualizada está em 7,9%, o maior patamar em 40 anos. Os motivos da elevada inflação nos Estados Unidos são os mesmos aqui no Brasil: efeito do desequilíbrio entre oferta e procura provocado pela pandemia e agora o conflito entre Rússia e Ucrânia. Lá, historicamente, os juros são menores do que aqui no Brasil por ser a maior economia do mundo e ter uma moeda forte e estável, como o dólar. Outro detalhe é que lá há uma faixa de variação dos juros básicos: saltou de 0% a 0,25% ao ano, para 0,25% a 0,50% ao ano.

Mude já, mude para melhor!

Sabe o é que é desgosto provocado pela felicidade alheia? Desejo de possuir o que é do outro? Isso é inveja! Cuidado com os invejosos, são tóxicos. Mude já, mude para melhor!

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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