Reflexão e Fé

Carnaval

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

15/05/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Depois de dois anos sem os grandes desfiles, efeito pandemia, o Carnaval voltou com tudo no final desse abril. As escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo desfilaram para milhares de pessoas. O Carnaval é celebrado no período que antecede a Quaresma, momento de abstinência do consumo de carne e de prazeres em geral culminando na Páscoa. Esse ano a data foi invertida (efeito pandemia). Etimologicamente o termo carnaval vem do latim "carnem levare" (afastar a carne). Em seu sentido mais original o Carnaval assume peculiaridades da subversão babilônica, das festas da Grécia antiga e dos bacanais romanos.

NO BRASIL

O Carnaval é empolgante, festa vibrante, colossal, estonteante, festa de todos, plebeus e nobres, paixão de ricos e pobres - como disse o repórter da Globo News no programa em Pauta: "No Carnaval existem preocupações; acidentes sempre acontecem, uma menina morreu, 'mas tem festa', né" - referindo-se a morte trágica da garotinha de 11 anos que foi esmagada por um carro alegórico no último 22 de abril. Por trás de uma alegria "inocente", na prática, o Carnaval no Brasil evoca frequentemente a prostituição, a pornografia, abusos, adultério, objetificação e vulgarização do corpo, sem falar no altíssimo consumo de drogas e álcool. Mas a impressão que se tem é que no Carnaval existe uma espécie de licença para fazer coisas que no dia a dia não se faz. Não faltam histórias da folia acabando em tristeza. Autoridades públicas intensificam a vigilância durante o Carnaval ao menos em três quesitos, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), violência e a gravidez na adolescência.

RELIGIOSIDADE

No Brasil os desfiles de Carnaval sempre exibiram imagens de exaltação à divindades afros. Nesse ano a Grande Rio, escola de samba carioca, em nome da intolerância com as religiões de matriz africana, levou para a avenida uma homenagem a Exu, entidade cultuada como um dos maiores orixás que recebe oferendas nos terreiros, encruzilhadas, cachoeiras e cemitérios. Passistas com as mãos para trás movimentavam-se como sendo possuídos por entidades. A Pomba Gira uma entidade espiritual da Umbanda e do Candomblé, que atua na área do sexo também estava representada na avenida. Em 2019 a escola de samba paulistana Gaviões da Fiel levou em sua comissão de frente uma representação de um Jesus espancado e humilhado por Satanás, naquilo que chamaram de expressão artística, mas levando para a avenida um profundo apelo religioso espiritual.

PECADO

Na onda popular muitos dizem: "se no inferno tiver bebida, festa e mulher, é pra lá que eu quero ir quando morrer". Enquanto este dia não chega, o Brasil vive literalmente a mensagem de Ruy Guerra na música de Chico Buarque que reverbera: "Não Existe Pecado do lado de baixo do Equador". Nesse início do terceiro milênio, sob a dura relativização dos valores éticos-morais, onde inclusive a palavra pecado foi erradicada do vocabulário, a nossa sociedade pós moderna despreza a existência do Deus Criador e seus valores. Ao invés de Guerra e Buarque prefiro a mensagem de Jesus Cristo, o mesmo celebrado pela maioria na Páscoa e Natal, quando avisa: "— Por que vocês me chamam 'Senhor' e não fazem o que eu digo? Eu vou mostrar a vocês com quem se parece a pessoa que ouve a minha mensagem e a obedece. Essa pessoa é como aquele que construiu uma casa, cavou bem fundo e pôs o alicerce na rocha. O rio ficou cheio, e as suas águas bateram contra aquela casa; porém ela não se abalou porque havia sido bem alicerçada. Mas quem ouve a minha mensagem e não se importa é como a pessoa que construiu uma casa na areia e sem alicerce. Quando a água bateu contra aquela casa, ela caiu logo e ficou totalmente destruída" (Lucas 6.46-49). Essas palavras revelam que a base sólida da existência humana, o seu valor, a ética, a liberdade, assim como a construção de uma sociedade saudável e ordeira parece ser frágil a partir da negação de Deus. Esse secularismo que banaliza os valores morais do Eterno não é promissor. Creio, logo existo! Para mim, o período carnavalesco é sempre mais uma oportunidade de agradecer a Deus pela vida, pelo perdão e pela esperança da eternidade em Cristo. Apesar da aparência de alegria esfuziante, o Carnaval traz em seu bojo muita tristeza na alma. Valéria Valenssa, esposa de Hans Donner, mãe de dois filhos, conhecida pela vinheta do Carnaval da TV Globo, após ter um encontro espiritual com Jesus concluiu: "Carnaval nunca mais! Hoje tenho alegria permanente o ano todo".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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