Reflexão e Fé

Nem feminismo, nem machismo

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

05/06/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Há muitos perigos que ameaçam a civilização, entre eles o machismo que trata a mulher como uma pessoa usável e inferior; prática que insiste em não conceder a ela direitos legítimos de ser humano; e o feminismo que no âmago de sua estrutura, marginaliza a importância do homem.

QUESTÃO TEOLÓGICA

Creia ou não, o que você acredita sobre mulheres e homens, feminismo e machismo não é uma questão política, é uma questão teológica. O que você acredita sobre as pessoas - a natureza humana e o seu propósito - emana do que você acredita sobre Deus. Na gênese do feminismo encontramos Susan B. Anthony (1820-1914) e Emma Goldman (1869 -1940) que propagavam suas ideias como: "ser esposa significa pouco mais do que ser dona de casa; trata-se de uma vida de labuta, maus-tratos e servidão; esposas são essencialmente parasitas inúteis; é necessário ser muito estúpida para acreditar que o casamento é outra coisa senão uma aliança com o fracasso e a miséria; para que uma mulher seja verdadeiramente livre, ela não deve entrar em uma união conjugal; ao contrário do que diz o cristianismo, as mulheres devem ser libertadas não do pecado, mas dos homens". Em seu tempo essas mulheres levantaram a bandeira do feminismo contra toda a hostilidade e maus tratos que o machismo em sua face mais perversa impunha. Em nossos dias mulheres ainda experimentam regularmente o crime hediondo do abuso e da violência física, moral, psicológica e sexual. A própria indústria abominável da pornografia, quase que invisível aos olhos do movimento feminista, causa danos irreparáveis ao gênero feminino. Atualmente a postura machista ainda insiste em imprimir um discurso e práticas misóginas, sexista e pornográfica. A cada dia os números relacionados à violência contra as mulheres aumentam segundo dados oficiais. Os agressores são homens, em sua parte parceiros íntimos ou familiares. Por sua vez o feminismo responde com agressividade contra os homens em linhas gerais. Na verdade essa problemática, assim como todas as outras, possui um cunho teológico. Para o filósofo holandês Baruch Spinoza no que tange a vida, Deus é entendido como sendo a base de sustentação e da condição subjacente da realidade toda. Diz Spinoza, "Deus é a causa transcendente e imanente de todas as coisas. Tudo está em Deus; tudo vive e se move em Deus". O sentido dessa máxima é que tudo aquilo que procura existir fora da realidade de Deus gerará problema, da mais profunda raiz de ordem teológica.

AMEAÇA À CIVILIZAÇÃO

Machismo e feminismo coexistem em conflito de difícil solução. A psicóloga Ana Carolina Peck Mafra esclarece a cerca dessa dificuldade dizendo que "em uma sociedade que explica a violência apenas usando argumentos abstratos, não sobra espaço para a educação moral e ética, educação da personalidade, nem há espaço para se falar de autodomínio e limites individuais". Mas a cosmovisão cristã, naturalmente fundamentada na teologia, entende que todo tipo de abuso deve ser visto como um pecado hediondo e repreensível em justiça. Na Reforma Protestante (XVI) os reformadores resgataram o valor da mulher explicitado no texto neotestamentário. Os reformadores afirmavam que o trabalho da mulher possui valor imensurável. Defendiam o entendimento de que "aquele que encontrou uma esposa encontrou excelência" (Provérbios 18.22). As palavras de Martinho Lutero sobre sua esposa não foram nada menos do que elogios brilhantes. Ele queria que as pessoas soubessem que ele não poderia ter feito o trabalho que fez sem sua esposa amada, Katherine. As Escrituras são claras sobre o valor, a importância e o propósito da feminilidade e da masculinidade. Devemos acreditar no valor anunciado pela Palavra de Deus à respeito de mulheres e homens em detrimento do conceito propagado por setores imperfeitos da nossa sociedade imperfeita. A postura machista e o movimento feminista é uma maratona de amargura e ressentimentos. A Bíblia não defende nem feminismo, nem machismo; ambos é uma ameaça à civilização humana. Nem um nem outro nos interessa. Na ótica machista a revelação bíblica é marginalizada, afinal a mesma ensina uma perspectiva de amor, respeito, compaixão e igualdade entre todos os seres humanos, inclusive de homem para mulher. Na cosmovisão feminista a Bíblia e? encarada como uma literatura de patriarcado onde na?o resta outra alternativa a na?o ser anulá-la. Ao apresentar a Bíblia como um veículo de patriarcado ou como um mero artefato cultural, em vez da revelação divina, a leitura feminista propõe a? interrupção radical da fé crista?. Tanto esse quanto aquele nega a autoridade das Escrituras deformando o conceito divino de homem e mulher.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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