Reflexão e Fé

Ateísmo

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

03/07/2022 | Tempo de leitura: 4 min

O ateísmo enxerga a vida, em última análise, vazia e desprovida de significado. Isso não sugere que seus adeptos não possam se sentir felizes, seguir um conjunto de determinados princípios ou acreditar que a vida tem de alguma forma sentido. Mas a negação de Deus tem sérias repercussões. Se você não acredita em um Criador cósmico, tende a negar a existência de qualquer coisa sobrenatural. Não há anjos, demônios ou almas. Essa visão de mundo, chamada naturalismo, define que o mundo natural descrito pela física e pela química é tudo o que existe.

NIILISMO

Talvez a consequência mais notória do naturalismo seja o niilismo, da palavra latina 'nihil', que significa 'nada'. Em geral os dicionários definem o termo niilismo como uma negação da possibilidade de conhecimento, negação de valor, da ética, beleza, realidade, de tudo. Em síntese o niilismo representa um estado deprimente do ser.

MÁQUINAS DE CARNE

A visão de mundo do ateu nega a existência de entidades espirituais ou não físicas. Se apenas coisas físicas existem no universo, então tudo está sujeito a um sistema de causa e efeito que opera de acordo com as leis da física e da química. Seres humanos seriam meras máquinas de carne designados à uma engrenagem de causa e efeito que fazem o que estão determinados a fazer. Um filósofo ateu chamado Pierre Jean Georges Cabanis, defensor do materialismo mecanicista, sem rodeios expressou: "O cérebro secreta pensamentos como o fígado secreta bile".

A CONTA NÃO FECHA

O problema ateísta surge da cosmovisão de um mundo absolutamente mecânico. Muitos que se arrogam ateístas nunca perceberam essa realidade. Fato é que uma estrutura ateísta não é capaz de alcançar crenças justificadas, afinal o naturalismo defende que os processos mentais são inteiramente determinados pelos movimentos dos átomos do cérebro, obstruindo qualquer razão de suposição. Sem a confiança de crenças verdadeiras justificadas, a conta não fecha porque o ser humano mecanicista acorrentado ao dogmatismo, metodismo, racionalismo, se torna desprovido de pressupostos, significado, imaginação, conjectura, de conhecimentos perceptíveis, pressuposições, suposições. No mundo do naturalismo a moralidade não faz sentido, estudantes trapaceiam na escola, leões comem zebras, homens estupram mulheres, insetos voam. A vida acontece mecanicamente. Nem há como o mundo ser, porque não existe um legislador supremo como nosso padrão moral objetivo, logo não há um conjunto moral existente fora de nós mesmos. Cada pessoa age como quer. Nem há a possibilidade, nem a necessidade de fazer o que é "bom" ou "nobre". Não há virtude ou vício. Não há motivo para melhorar a si mesmo, pois não existe um ideal a ser perseguido. A vida seria uma jornada sem bússola moral e sem destino. Pela ausência da moralidade, não há culpa, nem o senso intuitivo de ações reprováveis. Sem uma existência suprema não é necessário o perdão e muito menos a esperança de redenção.

SENTIDO VIÁVEL

A cosmovisão cristã, por outro lado, justifica a liberdade do querer, o sentido da existência, a lógica do conhecimento, do certo e errado; mais importante ainda, fornece uma solução para nossos crimes morais e nos liberta de nossa culpa. O cristianismo apresenta o sentido viável para a realidade, pois é estruturado integralmente em um Deus criador e sustentador. O teólogo britânico, doutor em biofísica molecular pela universidade de Oxford, descrevendo-se orgulhosamente como "ex-ateu", Alister McGrath, fundamentou a sua crença em Deus quando percebeu, segundo ele, que "o ateísmo é uma fé, uma crença não comprovada e improvável de que Deus não existe". Profundo estudioso de Albert Einstein, McGrath afirma que o pensamento mecanicista pode nos falar das coisas que observamos no mundo, mas não nos dá uma visão do que é a vida e a existência do futuro. Crer na existência de Deus e que ele está conosco no sentido de caminhar junto à nossa jornada, preenchendo a nossa história, se encaixa mais perfeitamente com a realidade da nossa existência do que a simples e improvável ideia da negação de Deus. Saber que somos importantes para Deus, embora muitas vezes pensemos que somos insignificantes, faz toda a diferença. O Salmo 8 é muito útil em revelar que Deus cuida de nós, e que agora nos redimiu em Cristo e ainda nos acompanha em nosso caminho muitas vezes escuro e perigoso (Salmo 23). Não podemos simplesmente comer, dormir, caçar e reproduzir, afinal somos criaturas em busca de significado. Parece intrínseco que precisamos de algum propósito maior. Dinheiro, lazer, prazeres e progresso social simplesmente não são suficientes para oferecer significado à nossa existência de apelo eterno.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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