Coluna Animal

Leishmaniose: previna e controle


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A Coluna Animal desta semana vai abordar um assunto bem complexo, delicado e polêmico em nossa cidade, que é uma doença, uma zoonose: a Leishmaniose Visceral Canina (LVC) que, em Bauru, é endêmica e, infelizmente, os caninos em nossa cidade foram vítimas de um verdadeiro extermínio em massa.

A Prefeitura Municipal de Bauru, através da Secretaria Municipal de Saúde, Departamento de Saúde Coletiva, Diretório de Saúde Ambiental e Seção de Controle de Zoonoses, realizará, a partir desse mês de julho, a coleta de sangue de cães que tem tutores (e não cães errantes que estão nas ruas) para exame de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) e também para encoleiramento dos cães com coleira específica para repelir o mosquito da leishmaniose, o mosquito-palha, transmissor da doença, que muitos acham erroneamente que é o cachorro. A coleta de sangue e o fornecimento da coleira são procedimentos gratuitos.

Percebemos pelas redes sociais que a população no geral tem muitas dúvidas sobre diversas questões relacionadas à doença e aos procedimentos adotados pelo município, que não divulga e não dá publicidade adequada as ações. Sendo assim, criamos uma série de tópicos que ajudam a esclarecer o tema:

1. O que é leishmaniose visceral canina (LVC) e quais as formas de transmissão da doença?

É uma doença causada por um protozoário chamado Leishmania. A transmissão ocorre através da picada do mosquito-palha, que mede milímetros, podendo atravessar telas e mosquiteiros. Ele pode picar tantos os animais domésticos quanto os silvestres. Ou seja, frisamos, o cachorro não é o transmissor da doença.

2. Como prevenir a doença nos cães?

Mantendo o quintal e calçadas sempre limpos, sem material orgânico em decomposição (fezes de animais e folhas e frutos apodrecidos). Observar na vizinhança como estão os terrenos, sejam eles públicos ou de particulares, e denunciar no órgão competente, levando o endereço do imóvel e por não ter numeração, é bom levar o endereço dos imóveis que ficam ao lado, como por exemplo, rua tal, número tal, a direita do imóvel de número tal e a esquerda o imóvel de número tal, ao órgão competente, no caso, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), ao Poupatempo de Bauru.

3. Como saber se seu animal está contaminado com a LVC?

Levando seu animal ao médico veterinário, o profissional irá examinar e, se o animal já estiver contaminado e com a doença em estágio avançado, o profissional irá fazer o diagnóstico sem a necessidade de solicitar exames de sangue e outros tipos de exame. Ou então, poderá solicitar exames para se certificar do resultado, afinal, o animal pode ser portador de outras enfermidades também.

4. Sou obrigado a deixar a Prefeitura entrar em minha casa e colher o sangue de meus cães?

Não, você não é obrigado. De acordo com a Constituição Federal artigo 5, inciso II, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei” Portanto, cabe ao tutor do cão decidir sobre a coleta de sangue. Porém, somente os animais que tiveram o sangue coletado é que terão direito a ganhar uma coleira repelente do mosquito-palha.

5. Quais os nomes do mosquito transmissor da Leishmaniose?

Mosquito-palha, birigui, tatuquira, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. Na nossa região, esse mosquito é mais conhecido por mosquito-palha.

6. A LVC tem tratamento?

Sim, é direito do tutor do animal tratar seu cachorro. Não compete ao Poder Público obrigar o tutor entregar o animal. Se o tutor optar pelo tratamento do animal, o animal deve frequentemente passar por consultas e exames para ajuste do medicamento, uma vez que a dosagem do medicamento deve ser administrada de acordo com o peso do animal para que surta efeito. O tutor deve usar coleira repelente comprada em lojas especializadas e fazer a troca da mesma de acordo com a orientação do fabricante.

A Prefeitura Municipal de Bauru, através de ações precipitadas no passado, sendo condenada em ação judicial pela conduta, provocou o extermínio de muitos cães, sendo assim, ficou provado e comprovado que apenas o extermínio de cães não resolveu o problema da leishmaniose em nossa cidade.

Deve haver um conjunto de ações, tanto por parte do Poder Público, quanto por parte de cada indivíduo que reside em nossa cidade, como limpeza de quintais, calcadas e terrenos; ações voltadas para a educação e conscientização para que as novas gerações continuem limpando seus imóveis e cobrando limpeza urbana também do poder público.

Todos somos responsáveis por manter a nossa cidade limpa pois, somente assim, será possível prevenir e controlar zoonoses. Assim, teremos uma sociedade mais justa também para os animais, que são as maiores vítimas da doença.

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