A culpa existe desde os primórdios. A Bíblia narra a história de que Deus criou o homem e a mulher que viviam no paraíso, eram plenos na contemplação do divino, até que a serpente tentou a mulher; essa comeu do fruto proibido e o apresentou ao homem que também comeu. Descobertos pelo Criador, escondendo-se em arbustos, foram sentenciados a perderem o paraíso e experimentaram pecado e morte, consequentemente a culpa. Pego no erro Adão colocou a culpa na Eva e em seguida culpou o próprio Deus que lhe deu a mulher; ela por sua vez pôs a culpa na serpente. Culpa desde o princípio suscitado pelo pecado original. Os pais da raça desenvolveram-se sob culpa e transferindo culpa. Na convivência humana a culpa é minimizada quando evita-se prejudicar o outro. Na relação com o Criador a culpa se apresenta num círculo repetitivo, porque Deus é santo e perfeito, nós não; iremos pecar, pedir perdão e em seguida pecar novamente. Não há psique humana que não reconheça a culpa no cerne da humanidade.

UMA EXPERIÊNCIA UNIVERSAL

Vergonha e culpa são muitas vezes confundidas, no entanto são sentimentos distintos. Vergonha é a uma emoção negativa causada por uma consciência de culpa ou fracasso. A culpa sendo uma realidade objetiva, é uma experiência universal passiva de punição. Todos, em algum momento, teve o mau pressentimento de não ter feito o que deveria e sentiu culpa. Mesmo os que negam a existência do certo e errado estão presos à essa realidade. Vivemos num tempo onde as pessoas se propõem a provar que não existe certo e errado e que toda ética é relativa e arbitrária, mas acabam dizendo que o correto é concordar com eles e errado não. Contudo em algum momento todos sentem culpa por terem feito o que não deveriam, ou vice versa. A experiência da culpa é tão real que tenta pessoas até ao suicídio - logo negar a problemática da culpa é um erro grave. Aos que não conseguem pensar em uma saída para a culpa, sempre há álcool para recorrer, drogas, pornografia, jogos, vícios, glutonaria ou algum outro tipo de compulsão. Alguns tentam amenizar o peso da culpa na religião. Mas o meio que a religião desenvolveu de aplacar o fardo pesado da culpa foram saídas através de ritos e obras meritórias: "mantras, repetições, faça isso e aquilo, pague, cumpra, penitencie-se, reze e etc.". Pensam exterminar a culpa através de boas obras e no cumprimento de deveres religiosos. Mas nada disso é satisfatório. Não resolve. Toda humanidade imperfeita carrega sobre si o peso da culpa. Em última instância o problema universal da culpa não se deve ao fato de apenas termos falhado com nossos próximos, mas com o Criador. Assim nossos falidos dispositivos de extermínio de culpa são ineficientes.

ALÍVIO

O desejado alívio da culpa se dá por meio do sacrifício de Jesus que não deixou os que creem em seu nome lidarem sozinhos com ela. Surpreendentemente, sob o mistério do sagrado, para quem está em Cristo, ainda que erre e obviamente se acerte, não sobra saldo de culpa. Em Cristo somos declarados não mais culpados (Romanos 8.1). Essa é ao mesmo tempo a coisa mais difícil e mais fácil de alguém fazer. É difícil porque significa reconhecer em seu coração que você é tão culpado diante de Deus que não há nada que possa fazer para resolver o problema. As pessoas não gostam de pensar assim. Por isso o peso da culpa permanece sem solução para a maioria. Por outro lado é fácil porque o livramento do peso da culpa depende apenas da fé em Cristo. Não requer força ou estratégias extraordinárias, apenas fé. Tudo o que você tem a fazer é se tornar como uma criancinha (Mateus 18.3); abandonar o erro e confiar em Jesus que o livrará de toda culpa. É difícil? É de graça.