Coluna Animal

Não! Não é a varíola dos macacos

13/08/2022 | Tempo de leitura: 2 min

A Coluna Animal desta semana irá abordar um assunto que está em voga, a doença chamada “Varíola do macaco”, que esta semana chegou na cidade de Bauru. Por ser uma doença que envolve um mito com os animais, a Coluna vai esclarecer as dúvidas mais frequentes dos leitores, a começar pelo nome da doença.

Embora o nome da enfermidade esteja associado a macacos, eles não são os transmissores. Para defender os animais, não podemos ser amadores, nos apegar em argumentos frágeis, pautados no "coitadismo", mas sim, na ciência. Os macacos, assim como os seres humanos, estão suscetíveis a serem contaminados, ou seja, também são vítimas. Essa doença chegou ao Brasil através de viajantes contaminados, e não através dos macacos.

Luiz Pires, zootecnista que foi diretor do Parque Zoológico de Bauru por algumas décadas, conhecedor do assunto, esclarece que, assim como a Febre Amarela, que não existia no Brasil até o bárbaro episódio da escravatura, quando o vírus aqui chegou através de navios negreiros e acabou por contaminar nossos macacos e até hoje causando a morte de muitos deles, a varíola do macaco tem seu nome originário da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958, mas o vírus dessa varíola (Monkeypox) tem origem no Continente Africano, onde foi identificado o primeiro caso humano, em uma criança na República Democrática do Congo, em 1970.

Apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola. Embora o reservatório seja desconhecido, os principais candidatos são pequenos roedores (p. ex., esquilos) nas florestas tropicais da África, principalmente na África Ocidental e Central. Nos EUA, em 2003, ocorreu uma epidemia de varíola do macaco quando roedores infectados, importados da África como animais de estimação, disseminaram o vírus para cães de estimação que, então, infectaram pessoas no Meio Oeste.

A varíola dos macacos é uma doença recém chegada em Bauru e, segundo as autoridades de saúde, está sob controle. Até a presente data, temos apenas uma pessoa contaminada - trata-se de um paciente do sexo masculino, de 36 anos, imunossuprimido.

A forma de contaminação ocorre por contato próximo com as lesões em si (feridas), fluidos corporais, gotículas respiratórias, superfícies e materiais contaminados com secreções, como roupas de cama, tecidos, roupas ou toalhas e objetos que foram utilizadas pelo doente. E, segundo o órgão de saúde, a transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas com contato físico próximo com casos sintomáticos.

Portanto, não existe motivo para as agressões contra nossos primatas silvestres, como ocorreu nos últimos dias na cidade de São José do Rio Preto, pois esse vírus não circula neles. Dessa forma, basta manter os cuidados que se deve ter com qualquer animal silvestre, pois estes tem seus hábitos e devem ser respeitados.

Não se aproxime, não toque, não ofereça alimento e, em caso de ser necessário prestar socorro, só faça se estiver habitado. Deixem nossos macacos em paz!

Thaís Viotto - Presidente da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB Bauru (CPDA OAB Bauru).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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