Reflexão e Fé

Paternidade piedosa

14/08/2022 | Tempo de leitura: 4 min

A Bíblia é pródiga na narrativa sobre o ofício paterno. O próprio Deus é apresentado por Jesus como o Pai que está nos céus. Ademais, permeiam as páginas bíblicas, numerosos exemplos de pais que amaram seus filhos e lhes transmitiram a fé no Deus Eterno. A Bíblia diz que a salvação é pela graça através do dom da fé (Efésios 2.8,9; cf. Salmo 68.20). Mas também lemos que a fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo (Romanos 10.17). À luz dessas verdades podemos refletir sobre a importância de uma paternidade piedosa, tão necessária para esse tempo atribulado. Os pais são líderes divinamente designados em suas famílias, sob o dever de formar seus filhos na verdade (Deuteronômio 4.9; Provérbios 22.6; Efésios 5.25,33, 6.4; II Timóteo 3.15). Essa responsabilidade não pode ser terceirizada aos professores. Como pensam os franceses: "à escola o ensino, aos pais a educação". Os pais devem intencionalmente educar seus filhos. Em Efésios 6.4 Paulo identifica um dos papeis principais do pai na educação dos filhos: "Pais, não provoqueis a ira de vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução do Senhor". Quando olhamos atentamente para este versículo, podemos extrair quatro princípios paternos: Um pai deve ser sábio, justo, presente e equilibrado na criação dos filhos.

PAI SÁBIO

A maioria dos pais não pretendem exasperar ou deixar os filhos com raiva, mas às vezes fazem isso — mesmo que sem querer — superprotegendo-os, favorecendo-os, negligenciando-os ou abusando-os verbalmente. Quando um pai superprotege ou negligencia seus filhos é difícil para meninos e meninas se comportarem verdadeiramente como meninos e meninas. As crianças e os adolescentes precisam de liberdade para correr, pular, brincar e conversar. Embora a segurança e a proteção sejam sempre uma prioridade, os filhos precisam ter permissão para serem filhos, ainda que na tenra idade sejam confusos, irrefletidos, egoístas, bagunceiros e barulhentos. Obviamente que dentro dos limites estabelecidos, um pai sábio deve permitir que seus filhos sejam realmente filhos.

NÃO TENHA FAVORITOS

Favorecer um filho em detrimento do outro é um terrível erro. Seja justo! Na Bíblia temos um exemplo significativamente negativo: Isaque amou Esaú e Rebeca amou Jacó (Gênesis 25.28). A ruptura entre os irmãos e no vínculo da família causada por essa preferência nunca foi totalmente curada. Pais devem estar sempre alertas para evitar favorecer um filho em detrimento do outro. A Bíblia diz que cada filho é um presente de Deus aos pais, e eles vêm com características, interesses e habilidades únicas. Um pai não deve alimentar o favoritismo, ao contrário, é seu dever cuidar em amor o mais igualmente possível.

PAI NEGLIGENTE, FILHO CARENTE

O perigo da negligência é sutil e ronda os pais que estão na panela de pressão do século 21. É um verdadeiro desafio encontrar o equilíbrio adequado entre o trabalho e as responsabilidades paternas. Diga não à negligência, diga não ao sofrimento emocional dos seus filhos! Passar "tempo de qualidade" com eles é uma das respostas da psicologia para essa questão; mas, infelizmente esse tempo de qualidade — em que nossos filhos recebem afeto, conselhos, correções e incentivos — nem sempre é possível nessa vida corrida de um pai. Além da negligência, o abuso verbal também pode ser um grande mal, ainda que muitas vezes não reconhecido no relacionamento desafiador de pai e filho. E mesmo que não haja abuso verbal, mas às vezes um olhar intimidador, um gesto ou um silêncio repressivo pode ser tão devastador quanto uma surra verbal. O desafio é encontrar o equilíbrio certo da crítica honesta, construtiva, amorosa, da sugestão de melhora, do encorajamento honesto e do elogio sincero que manterá o filho em amor, esforçando-se em fazer mais e melhor. Portanto sejamos pais presentes e não negligentes, para que nossos filhos sejam plenos e não carentes.

PATERNIDADE EQUILIBRADA

A prática de uma paternidade piedosa e justa abrange cada uma dessas áreas, logo, devemos examinar cada uma para garantir que não provoquemos injustamente nossos filhos à ira. Quando um pai demonstra equilíbrio adequado em todas essas áreas, consequentemente educará os filhos em princípios fundamentais. Uma paternidade piedosa e equilibrada em valores primordiais guiará os filhos no sentido de melhor lidarem com os desafios da vida e em respeito relacional com o próximo. Isso não apenas facilitará a vida de um pai comprometido, mas consequentemente também abençoará a vida dos filhos por toda a posteridade.

 Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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