Reflexão e Fé

O poder do marketing

28/08/2022 | Tempo de leitura: 4 min

"Quem não se comunica se trumbica" - a frase dita pelo apresentador de televisão Abelardo Barbosa, o Chacrinha, ficou famosa por ser engraçada e verdadeira. Numa sociedade como a nossa, esta é uma verdade inquestionável. Em todos os tempos, as pessoas vivem de vender alguma coisa. Como há mais gente para comprar e mais produtos a serem oferecidos, vender se torna cada vez mais vital. Não basta produzir. É preciso vender. Este é objetivo único das empresas. São as vendas que garantem nossos empregos e, por conseguinte, nossas sobrevivências. As estratégias de vendas pertencem a um campo conhecido como "marketing". Trata-se de uma palavra inglesa, que quer dizer "mercadejar" ou "colocar algo à venda no mercado". Fazer marketing é uma necessidade de todas as empresas e organizações.

VENDENDO RELIGIÃO

O marketing de produtos religiosos como livros, discos e serviços, vem recebendo um elevado grau de profissionalismo. Organizações religiosas estão usando recursos e estratégias próprias para promover, dentro das regras mercadológicas, suas causas e produtos. Não há problema nenhum nisso. Se têm uma mensagem, um produto, uma causa de valor, por que não promovê-los com eficiência? A bem da verdade nenhuma organização religiosa sobreviverá se não praticar algumas das regras mais substanciais da comunicação e do marketing. Elas não são boas ou ruins, apenas captam as práticas humanas e a maneira de alcançar as pessoas. Numa grande demonstração de conhecimento das regras da comunicação, Paulo, o apóstolo, quando pregou no Areópago de Atenas, adequou seu discurso ao seu público (At 17.16-34). As organizações religiosas podem e devem ter um programa de marketing coerente para promover suas mensagens, vender sua religião, produtos e serviços, lançando mão de ações éticas que alcancem o público desejado.

O MERCADO CRISTÃO

O campo evangélico se constitui em um mercado crescente e muito cobiçado, tanto de empresas como de entidades gerais. A intenção de todo esse interesse é exclusivamente comercial, de evangélicos e não evangélicos. Hoje há cantores de músicas evangélicas que não são evangélicos, isto é, não creem na mensagem cantada. Sem falar nos muitos grupos musicais que se dizem "gospel", cobrando verdadeiras fortunas para cantarem em igrejas e shows. Tudo virou um grande mercado conduzido pelo marketing. Muita gente critica e vê nisso tudo uma mercantilização da fé. Até pregadores do evangelho tem cobrado para ministrar suas palestras. Em todos esses casos, o cuidado que se deve tomar é o de não transformar as igrejas ou templos cristãos em casas de negócio (João 2.16). Embora esse seja um assunto controverso e muitas vezes visto com maus olhos, mal interpretado e ainda evitado, o marketing está inserido na vida e em todo tipo de igreja, independente do seu tamanho ou denominação, aplicado de forma intencional, ou não. Quando um fiel católico, protestante, evangélico, pentecostal convida alguém para uma visita na missa, reunião ou culto, está operando marketing. Fazem marketing ao divulgar fotos da igreja nas redes sociais ou quando enviam o banner de alguma programação para seus contatos no "WhatsApp". É sempre um assunto polêmico considerando que muitos enxergam o marketing no ambiente eclesiástico como um instrumento que torna a fé em mercadoria, visando lucro e sucesso - o famigerado mercado cristão. Não obstante, quando aplicado de forma ética e de acordo com os princípios da fé, o marketing, ainda que no ambiente da igreja, é uma ferramenta, um método, um conjunto de planejamento e ações que visam auxiliar no alcance de um objetivo específico, que é a atração de pessoas. Acho que Jesus mandou seus discípulos fazerem marketing, mesmo que o termo não fosse esse: "Volte e conte à todos o que Deus fez por você" (Lucas 8.39). Jesus usava desse expediente com seus discípulos para que a todos pregassem o seu evangelho. Ele ordenava seus discípulos, servos e ministros que contassem e exortassem à favor da salvação através do seu evangelho, usando a comunicação para trazer ao seu Reino pecadores, pobres e necessitados. No aspecto cristológico, a igreja deve ter motivação em usar as ferramentas do marketing, com a finalidade de propagar o amor de Jesus. Isto não quer dizer que a Igreja deva dar pão e circo para atrair seu público, mesmo porque a verdadeira e alicerçada Igreja nos princípios escriturísticos jamais assim faria. Portanto, se for utilizado o marketing como um meio de comunicação a promover o produto divino à uma sociedade carente de amor e redenção, ajudando os alcançados a melhorar sua qualidade de vida pessoal, social e espiritual, a vontade de Deus estará sendo feita.

Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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