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A adoção de veículos elétricos (VEs) no Brasil cresce rapidamente, impulsionada pela busca por alternativas mais sustentáveis de mobilidade. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), nos primeiros oito meses de 2023, foram emplacadas 49.052 unidades de veículos eletrificados leves, representando um crescimento de 76% em relação ao mesmo período de 2022.
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Projeções feitas pelo Fórum Econômico Mundial indicam que a transição para veículos elétricos em países como o Brasil não deverá impactar significativamente o consumo de energia elétrica no curto prazo. Estima-se que até 2035, os VEs representarão entre 2% e 3% do consumo total de energia no país, desde que a capacidade de geração e distribuição seja ampliada para acompanhar a demanda. No entanto, a concentração das recargas em horários de pico, como à noite, ainda exige soluções estratégicas para evitar sobrecargas na rede.
A infraestrutura de recarga é outro ponto essencial para a expansão da mobilidade elétrica. Segundo dados da ABVE, em julho de 2021, o Brasil possuía cerca de 735 estações de recarga públicas e semi públicas, número que cresceu 50% em apenas quatro meses. Apesar desse avanço, São Paulo concentra quase metade dos pontos disponíveis no país, demonstrando a necessidade de expandir a infraestrutura para outras regiões.
Nos ambientes residenciais, onde ocorre a maior parte das recargas, a carga elétrica adicional gerada por um VE é semelhante à de um chuveiro elétrico usado por algumas horas diariamente. Para garantir segurança e eficiência, são recomendadas adequações específicas conforme a norma ABNT NBR IEC 62196-1:2021, que define os padrões técnicos para tomadas e plugues de recarga.
Já em condomínios e espaços comerciais, a instalação de pontos de recarga tem se mostrado uma tendência crescente, agregando valor aos empreendimentos e atendendo à demanda de usuários. Esses espaços, no entanto, precisam de planejamento técnico e modernização das redes internas para evitar problemas de sobrecarga e garantir a estabilidade do fornecimento.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alerta que o aumento da frota de VEs pode exigir uma revisão nas subestações e no sistema de distribuição, principalmente nas grandes cidades. Além disso, tecnologias como redes inteligentes (smart grids) podem ser implementadas para gerenciar melhor a distribuição e permitir o uso de tarifas diferenciadas, como a Tarifa Branca, incentivando recargas fora dos horários de maior consumo.
A mobilidade elétrica também traz oportunidades. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a integração de veículos elétricos a sistemas de geração distribuída, como paineis solares, tem potencial para contribuir com a descarbonização da matriz energética brasileira, ao mesmo tempo em que reduz os custos de operação.
Com o mercado de veículos elétricos em expansão, o Brasil enfrenta tanto desafios quanto possibilidades para transformar a matriz elétrica e atender às novas demandas. A ampliação da infraestrutura, a modernização da rede e políticas públicas eficazes serão essenciais para garantir uma transição sustentável e eficiente para a mobilidade elétrica.
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