Quase um ano e meio após o assassinato de William Germano, ex-assessor parlamentar, a Câmara Municipal de Ubatuba aprovou uma moção de pesar em homenagem à sua memória e em solidariedade à sua família. A proposta, apresentada pelo vereador Benedito Gerônimo dos Santos (União Brasil), foi direcionada à viúva, Raíssa Maria, e aos três filhos do ex-assessor: Mateus, Murilo e Fabrício.
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Durante a sessão, Raíssa se emocionou ao receber a moção e fez um discurso contundente. “Estar aqui hoje invoca em mim sentimentos muito contraditórios. De um lado, é como receber finalmente, dentro dessa casa e através de um movimento do corpo legislativo, o reconhecimento tão aguardado e forjado a preço de sangue, de que meu marido foi vítima de um crime com viés político, após agir corajosamente para delatar pactos de corrupção há muito tempo instituídos na política no nosso município”, disse.
Segundo reportagem de Tamoio News, ela agradeceu o gesto da Câmara, mas destacou que nenhum reconhecimento ou homenagem poderá apagar a dor enfrentada diariamente por ela e seus familiares. “Temos que lidar com a sensação de impunidade, insegurança, que chega através de ameaças veladas, julgamentos ou vistas grossas. Essa tragédia não deve ser esquecida”, afirmou.
Raíssa enfatizou que transformará seu luto em uma luta contínua por transparência e dignidade na administração pública. “William merece ser lembrado para que não esqueçamos que a mentira e a corrupção ceifam vidas. É responsabilidade de cada um de nós estarmos atentos à forma como nossa cidade é gerida”, concluiu.
O caso.
William Germano desapareceu na noite de 16 de agosto de 2023. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte, na praia Vermelha do Norte, com sinais de violência física, incluindo marcas de espancamento e mãos amarradas. À época, ele vivia como motorista de aplicativo, mas havia trabalhado na Câmara Municipal como assessor do vereador Júnior Jr (Podemos).
William foi uma das testemunhas-chave na investigação de um esquema de “rachadinha” envolvendo três vereadores de Ubatuba: Eugênio Zwibelberg (Avante), José Roberto Campos Monteiro Júnior (Podemos) e Josué D Menor (Podemos). Ele havia denunciado que era obrigado a devolver parte de seu salário e relatou ter sofrido ameaças antes de sua morte.
A polícia investiga o caso em duas frentes: a hipótese de um assassinato relacionado às denúncias políticas feitas por William e outra, segundo a qual ele teria sido vítima de um sequestro com o objetivo de usar seu carro para crimes. Até o momento, cinco suspeitos foram presos, e as investigações continuam.
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