Mais de 260 pererecas-pintadas-do-rio-pomba, anfíbio com risco extremo de desaparecer da natureza, ganharão ainda em neste ano um novo espaço em Araçoiaba da Serra, na Região Metropolitana de Sorocaba, para se reproduzirem. No local, funciona o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Fauna Silvestre (Cecfau), a “maternidade de animais silvestres”, ligada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, que promove a reprodução de animais ameaçados de extinção.
As pererecas serão alocadas em um ambiente de 60 m², três vezes a área que ocupam atualmente, o que facilitará o manejo dos anfíbios e possibilitará a ampliação das reproduções e dos objetivos de pesquisa.
Além da perereca-pintada, a “maternidade de animais silvestres” trabalha atualmente com a conservação de outras cinco espécies ameaçadas de extinção: arara-azul-de-lear, mico-preto, mico-leão-de-cara-dourada, tamanduá-bandeira e sagui-da-serra-escuro.
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Criticamente ameaçada de extinção, a perereca-pintada vive próxima do Rio Pomba, em Cataguases, em uma área de apenas 1,36 km² (pouco menor que a área do Parque Ibirapuera) dentro de uma propriedade particular não protegida da Zona da Mata, no estado de Minas Gerais. A espécie foi descoberta pelo pesquisador Clodoaldo Assis, então vinculado à Universidade Federal de Viçosa, que estuda a biologia do animal para entender suas necessidades ecológicas e desenvolver estratégias de conservação.
Quando adulta, a perereca-pintada pesa de 10 gramas a 20 gramas, mede de 5 centímetros a 8 centímetros e come grilos, baratas, besouros e outros insetos quando mantidas sob cuidados humanos. A espécie não é venenosa e ainda não se sabe quanto tempo vive. Desde 2021, quando as primeiras fêmeas foram para o Cecfau, foram registraedas cinco desovas bem-sucedidas, duas em 2022 e três em 2023. A temporada reprodutiva de 2024 iniciou em outubro e irá até o início de 2025.
No estado de São Paulo, o Cecfau participa de um projeto para conservação ex situ da espécie, ou seja, fora do seu ambiente natural. O objetivo é ter uma população de segurança em cativeiro, caso a espécie seja extinta na natureza. “Iniciamos o trabalho de conservação e reprodução com dez pererecas de Minas; hoje já temos 265 no local, além de outras enviadas para instituições parceiras. Estamos no período de reprodução e devemos ter mais indivíduos por aqui”, explica Giannina Piatto Clerici, assessora técnica do centro, sobre a importância do trabalho com a espécie.
O Cecfau foi a primeira instituição no mundo a possuir um local específico para a reprodução da perereca-pintada-do-rio-pomba e continua sendo a única a reproduzir a espécie. Outras duas instituições parceiras desenvolvem pesquisas com indivíduos nascidos na “maternidade de animais silvestres”. “Ainda estamos estudando a espécie, mas, pelo histórico que temos, a fêmea posta de 1.100 a 3.800 ovos por vez, e cerca de 3% a 9% dos animais atingem ao menos um ano de vida”, explica Giannina.
A “maternidade de animais silvestres” foi inaugurada em 19 de junho de 2015 e contava, na época, com seis araras-azuis-de-lear, 11 micos-leões-da-cara-dourada, dois micos-leões-dourados, nove micos-leões-pretos e seis tamanduás-bandeira. Hoje são 13 araras-azuis-de-lear, 24 micos-pretos, um mico-leão-de-cara-dourada, 13 saguis-da-serra-escuro, três tamanduás-bandeira, além de 265 pererecas-pintadas-do-rio-pomba
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