OPINIÃO

Famílias não sentem no bolso os bons indicadores econômicos

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

Nos últimos meses, os indicadores econômicos do Brasil têm mostrado sinais positivos. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu, a inflação está sob controle e o desemprego diminuiu. No entanto, para muitos brasileiros, esses números não refletem a realidade do dia a dia.

O crescimento do PIB é frequentemente citado como um sinal de uma economia saudável. No entanto, esse crescimento nem sempre é distribuído de maneira equitativa. Enquanto grandes empresas e setores específicos, como o agronegócio e a tecnologia, prosperam, pequenas empresas e trabalhadores informais ainda enfrentam dificuldades. A desigualdade de renda continua a ser um problema significativo, com uma parcela considerável da população vivendo com baixos salários e condições precárias.

Embora a inflação esteja sob controle, o custo de vida permanece alto, notadamente para os mais pobres. Itens básicos como alimentos, transporte e habitação continuam a consumir uma grande parte do orçamento das famílias. Além disso, o aumento dos preços dos combustíveis e da energia elétrica tem um impacto direto no bolso dos consumidores, reduzindo o poder de compra e a qualidade de vida.

A taxa de desemprego tem mostrado uma tendência de queda, o que é um bom sinal. No entanto, muitos dos empregos criados são informais ou temporários, sem garantias de direitos trabalhistas ou estabilidade. A informalidade no mercado de trabalho é uma realidade para milhões de brasileiros, que enfrentam incertezas e falta de proteção social. A Pnad contínua do IBGE, que mede força de trabalho no país aponta que, apesar do recorde de 103 milhões de pessoas empregadas, 40 milhões destes trabalhadores são informais, 14,3 milhões trabalham sem carteira assinada e 25,4 milhões trabalham por conta própria, ou seja, empregos sem garantias trabalhistas e muitas vezes a renda não se mantém constante, podendo até ser reduzida ao longo do tempo.

Para constatar esse descolamento entre os indicadores macroeconômicos e o dia a dia das pessoas, é só verificar com pessoas próximas a você: pergunte se estão prosperando, criando valor econômico ou somente patinam, não saindo do lugar. Uma amostragem poderá trazer a dura realidade: as pessoas não sentem melhora na sua qualidade de vida.

Os indicadores econômicos podem pintar um quadro otimista da economia brasileira, mas a realidade para muitos cidadãos é bem diferente. É essencial que políticas públicas sejam implementadas para garantir que o crescimento econômico beneficie a todos, reduzindo a desigualdade e melhorando a qualidade de vida da população. Somente assim poderemos transformar números positivos em uma realidade palpável para todos os brasileiros.

Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários