BAURU

Com campanhas fracas, eleição se torna plebiscito sobre governo 

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Vinícius Pereira
No Café com Política, João Jabbour, Kleber Santos, Reinaldo Cafeo e Ricardo Bizarra
No Café com Política, João Jabbour, Kleber Santos, Reinaldo Cafeo e Ricardo Bizarra

A campanha eleitoral de 2024 chegou ao final em Bauru de forma quase apática, com as campanhas 'economizando' nos recursos que tinham à disposição para mobilizar a opinião pública. A disputa, a bem da verdade, acabou se transformando em um debate sobre o atual governo municipal. Passada a campanha, é a hora do eleitor, a quem cabe a decisão final.

Esta foi conclusão a que chegaram os jornalistas e analistas João Jabbour, Kleber Santos, Reinaldo Cafeo e Ricardo Bizarra. Todos compuseram a edição especial do programa Café com Política, uma parceria entre o JC e a 96FM, na manhã desta sexta-feira (4).

"Um olhar sobre os dois meses de campanha permite dizer que a eleição deste domingo será um verdadeiro tribunal sobre o atual governo. Não criminal, evidentemente, mas figurativo. No geral, a prefeita Suéllen Rosim (PSD) se colocou numa posição reativa e os adversários atacaram o que consideram pontos fracos do governo", afirmou Jabbour.

"Essa campanha não discutiu uma nova Bauru, projeções para o futuro ou um modelo de desenvolvimento. Mas sim os grandes gargalos, os grandes problemas e as nossas deficiências. A questão do esgoto, a falta de água, o Plano Diretor, enfim...", disse.

Isso significa, complementou Reinaldo Cafeo, que os problemas do passado permanecem os mesmos. "Há quatro anos eu publiquei no JC o artigo 'o sonho de um eleitor' relatando os desafios que nós tínhamos a enfrentar. Eu fui agora revisitar o artigo e me deparei com os mesmos problemas", afirmou.

"Discutíamos naquela época o futuro da Cohab. O que tivemos para ela? Nada. E agora nenhum candidato propôs algo sério para ela. E a Funprev, há quanto tempo mostramos os riscos sobre o rombo? Há anos. E o problema continua. O mesmo vale à saúde e a uma série de assuntos", pontuou.

A única campanha realmente articulada, pontuou Kleber Santos, foi a da prefeita Suéllen - que conseguiu seguir uma linha apesar dos vários problemas do governo. "É a única que seguiu uma linha", acrescentou.

O que houve em Bauru, pontuou, foram "campanhas caveiras, amadoras, sem estratégia". "Você precisa ter mensagem, grupo, estrutura, recurso. Mas mais do que isso é o preparo da comunicação. O principal de toda campanha é o candidato, que precisa falar para quem está em casa". Neste aspecto, pontuou, a atual mandatária naturalmente tem vantagem, já que antes de prefeita foi jornalista.

Outro fator que entra no cálculo da fraca campanha é também o desinteresse do eleitorado pela política neste ano. Segundo Jabbour, uma pesquisa do instituto Quaest, no dia 3/10, afinal, mostrou que 4 em cada 10 eleitores só definirão seu voto no dia da eleição.

O único ponto positivo do mau desempenho dos candidatos é que, bem ou mal, todos se mantiveram numa discussão civilizada - ao contrário do que se tem visto em outras cidades como a própria capital paulista.

Esse desinteresse, de qualquer forma, já vinha sendo sinalizado desde a última eleição, pontuou Jabbour, que lembrou do alto índice de abstenções e votos nulos ou brancos na disputa de 2020, chegamdo a quase 50%. Somados, os votos nulos e brancos e as abstenções daquele ano atingiram nada menos que 110.466 votos, pouco mais de um terço e quase metade dos 282.642 eleitores registrados em Bauru até maio, último mês para regularizar o título. O número é superior inclusive à soma desses fatores em 2016, quando a quantidade de votos que não foram para nenhum dos candidatos somou 87.095.

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