FORA DOS TRILHOS

Franca segue na briga por Maria Fumaça; outra máquina é oferecida

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
Pedro Baccelli/GCN
Locomotiva Maria Fumação, que rodou em Franca, estacionada na antiga estação ferroviária “Carlos Gomes”, entre Campinas e Mogi Mirim
Locomotiva Maria Fumação, que rodou em Franca, estacionada na antiga estação ferroviária “Carlos Gomes”, entre Campinas e Mogi Mirim

Franca e Campinas seguem “brigando” pela locomotiva Maria Fumaça. Com a revitalização do prédio da antiga Mogiana, na Estação, políticos francanos buscam recuperar a máquina a vapor para colocá-la em exposição. Sem acordo entre os lados, uma alternativa sugerida pelo Governo Federal é a doação de outra locomotiva para Franca.

A Maria Fumaça em questão é o modelo Bayer Peacock, série 400, do longínquo ano de 1896. Circulou na linha tronco da Cia. Mogyana até o ano de 1971. Com a “lataria” externa em boas condições, a carência é, principalmente, na parte mecânica do equipamento.

Como começou

A discussão começou com o vereador Ilton Ferreira (PL) querendo informações sobre o paradeiro da máquina a vapor em novembro de 2022. O parlamentar informou que a Prefeitura de Franca cedeu a locomotiva para a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) de Campinas, por um prazo de 25 anos. Após o período de concessão, a máquina seria devolvida restaurada. “Em 2016, venceu essa cessão de uso e, até a presente data, estamos sem a Maria Fumaça”, disse Ilton, em matéria publicada pelo Portal GCN/Rede Sampi na época.

A Prefeitura de Campinas explicou ao Todo Dia Campinas, portal filiado à Rede Sampi, que a Maria Fumaça –por estar dentro de seu município– foi tombada pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas). “A abertura de um processo ocorre independentemente da propriedade, desde que o bem esteja com a sua propriedade dentro do município de Campinas”, disse a administração.

Leia mais: Campinas e Franca disputam 'guarda' de locomotiva; 'Maria Fumaça' está em galpão

Ainda segundo os campineiros em 2022, os órgãos patrimoniais têm até dois anos para decidir por quanto tempo a locomotiva ou qualquer outro bem móvel podem permanecer fora do local original de tombamento. Se o proprietário da máquina submeter ao Condepacc um projeto de preservação, conservação, manutenção e guarda, o corpo técnico analisará a solicitação e, se aprovada, o conselho liberará o veículo.

Reunião com o prefeito de Campinas

Uma comitiva francana, formada por Ilton, a deputada estadual Delegada Graciela (PL) e o procurador jurídico da Prefeitura de Franca, Eduardo Campanaro, reuniu-se com o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), no dia 26 de abril de 2023. O objetivo do encontro foi tentar chegar a um acordo de forma “amigável”. “Entendemos que o prefeito de Campinas vai realmente intervir para tentar trazer a Maria Fumaça”, disse o vereador ao GCN após a reunião.

Passou-se mais de um ano desde aquele encontro. O GCN contatou Ilton Ferreira nesta sexta-feira, 26. “Fomos lá para conversar. Os dois, o Dário e a Graciela, foram tentar apaziguar a situação, mas a associação não aceitava a devolução. Então, a Prefeitura de Franca entrou na Justiça.”

DNIT, e a segunda locomotiva

Ainda segundo o vereador, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária estava se baseando em um documento que dizia que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) havia doado a locomotiva para eles.

“Essa associação de ferroviários conseguiu um documento com o DNIT, como se o departamento tivesse doado, mas essa Maria Fumaça nunca foi do DNIT. Tem uma lei da época do (ex-prefeito) Maurício Sandoval Ribeiro fazendo a concessão da Maria Fumaça para Campinas, mas depois ela voltaria para Franca. O problema é que nunca voltou, e essa associação conseguiu esse documento, não sei como”, disse o vereador Gilson Pelizaro (PT).

Ilton, Pelizaro e o promotor Eduardo Campanaro foram até a sede do departamento em Brasília (DF). “Fomos para tentar abreviar essa situação, para tentar, de uma forma administrativa, resolver. O diretor do DNIT até sugeriu que, se não tivesse importância ser outra locomotiva, até eles cederiam.”

Prefeitura de Franca

Em nota, a Prefeitura de Franca informou que ingressou com uma ação judicial em 25 de novembro de 2022 para reaver a locomotiva que está em posse da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e do município de Campinas. A administração ressaltou que o Governo Federal indicaria outra locomotiva para a cidade e aguarda o retorno.

Prefeitura de Campinas

Os campineiros se limitaram a dizer que, no momento, não consta projeto de restauração da Maria Fumaça na Prefeitura. Ainda no texto, a responsabilidade de reformar os vagões e locomotivas é da ABPF.

ABPF

A associação foi procurada, mas não se posicionou oficialmente sobre o imbróglio até o fechamento deste texto.

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