05 de dezembro de 2025
RISCO DE COBRANÇA

Nova regra do aluguel pode gerar cobrança a herdeiros; Entenda

Por Da redação |
| Tempo de leitura: 3 min
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A posse de um imóvel da herança por apenas um dos sucessores, enquanto o inventário permanece aberto, é um dos maiores focos de atrito entre famílias. Muitos acreditam que, na ausência de partilha, o uso é livre e sem custos. Contudo, especialistas em direito sucessório alertam: a ocupação singular pode, sim, gerar a obrigação de pagar aluguel proporcional aos demais irmãos, especialmente após a manifestação de discordância.

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O cerne da questão reside no conceito de condomínio. A partir do falecimento do autor da herança, a lei civil estabelece que todos os herdeiros se tornam coproprietários do patrimônio deixado, o chamado espólio. Dessa forma, o imóvel pertence a todos em partes ideais, e o uso exclusivo por um só configura uma vantagem econômica injusta.

Fim da tolerância

A cobrança não é automática, o que significa que o Judiciário geralmente entende que o uso até então era permitido por mera tolerância familiar (comodato). A chave para mudar esse cenário e iniciar a exigência de compensação é a oposição formal dos demais coproprietários.

Este marco deve ser claro e inequívoco, podendo ser feito através de:

A partir dessa data, cessa o benefício da moradia gratuita, e o herdeiro que permanecer no imóvel da herança passa a ser responsável pelo pagamento de uma indenização equivalente ao aluguel de mercado, descontada sua própria cota-parte.

Cálculo proporcional

A jurisprudência brasileira, consolidada em decisões do STJ, confirma que a indenização pelo uso exclusivo é devida a partir da oposição formal. O cálculo busca o equilíbrio e se baseia em critérios objetivos:

É fundamental notar que, enquanto não houver partilha e nem cobrança de aluguel formalizada, o IPTU e despesas essenciais do imóvel da herança são, legalmente, responsabilidade do espólio, ou seja, de todos os herdeiros. Entretanto, na prática, o herdeiro que mora no local arca com elas e pode ter esses valores compensados em sua parte da herança.

Diálogo e orientação jurídica

Diante da complexidade e do potencial de desgaste familiar, a busca por orientação especializada é crucial. Um advogado de família e sucessões pode avaliar a situação, definir a estratégia de comunicação (seja por notificação ou via judicial) e estimar valores justos de compensação.

Em vez de agravar o conflito, a formalização do pedido de indenização permite que a questão seja tratada de forma técnica. O diálogo e um possível acordo familiar para fixação amigável do valor do uso podem ser a solução mais rápida e menos custosa, evitando a lentidão e o desgaste de um litígio judicial. A certeza é que a inércia dos demais herdeiros equivale à tolerância, mas a oposição reverte o quadro, gerando responsabilidade financeira ao herdeiro que insiste no uso exclusivo.