05 de dezembro de 2025
CULTURA E MEMÓRIA

ESALQ promove IV Encontro para a Consciência Negra

Por Bia Xavier - JP |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
O antropólogo Kabengele Munanga ministrou aula magna para mais de 400 pessoas no III Encontro para a Consciência Negra da Esalq, em 2024.

Nesta semana, o Coletivo Negro Baobás, formado por estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), realiza o IV Encontro para a Consciência Negra, que neste ano traz como tema “Racismo Ambiental e Justiça Socioecológica”. O evento é aberto à comunidade e integra o calendário de ações da universidade voltadas à diversidade e à equidade racial.

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A programação conta com o plantio do primeiro Bosque de Baobás da Esalq, uma ação simbólica em parceria com a Baobá Florestal, que marca o compromisso com práticas que unem território, memória e ancestralidade. O plantio acontece no sábado (15), das 7h30 às 10h, ao lado do Museu Luiz de Queiroz, e será aberto à comunidade. Já na segunda-feira (17), das 17h às 19h, ocorre a palestra “Racismo Ambiental e Justiça Socioecológica”, no Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, com as convidadas Raquel Gualberto e Michele Graziella Cavalleri. O evento também contará com uma feira de empreendedores negros no hall do prédio. As inscrições podem ser feitas por meio de formulário online, com emissão de certificado.

Coletivo Negro Baobás

Em entrevista ao Jornal de Piracicaba, Bárbara Lira, integrante do coletivo, explicou que o grupo nasceu em 2020, ainda durante a pandemia, com o objetivo de promover acolhimento, combate ao racismo sistêmico e fortalecimento da luta antirracista dentro da Esalq. “O coletivo surgiu com a reunião de alguns alunos que tinham a mesma visão: construir uma luta antirracista dentro da universidade. Nosso foco é promover o acolhimento e tratar das pautas raciais, principalmente dentro de uma instituição centenária que tem um histórico de desafios nesse campo”, afirmou Bárbara.

Desde então, o grupo tem se destacado por ações como o Maio Antirracista e os Encontros para a Consciência Negra, que vêm se consolidando como espaços de reflexão e resistência. O primeiro evento ocorreu em 2022, com o tema “Retratos e reflexões da resistência negra de Piracicaba”, e foi considerado um marco por levar o debate sobre a história e presença negra para dentro da Esalq. Em 2023, o coletivo promoveu o II Encontro para a Consciência Negra, com o tema “Caminhos, resgate e reexistência”, além de ampliar a visibilidade com o Maio Antirracista, que se tornou referência regional.

Já em 2024, o III Encontro teve como destaque a presença do antropólogo Kabengele Munanga, professor emérito da USP, reunindo mais de 400 pessoas no Salão Nobre da instituição. “Mesmo com chuva forte e falta de energia, o público permaneceu. As pessoas iluminaram o espaço com as lanternas do celular. Foi um momento simbólico e muito emocionante”, relembrou a estudante.

O Bosque de Baobás, que será inaugurado neste ano, é apontado pela integrante como um novo marco na trajetória do coletivo. O espaço será formado por seis espécies de baobás, doadas pela empresa Baobá Florestal, com placas oferecidas pelo rapper Emicida. “O bosque é uma representação física da luta e da ancestralidade. Ele simboliza tudo o que foi construído por pessoas pretas dentro e fora da Esalq, e o compromisso de seguir fortalecendo essa história”, disse Bárbara.

O evento, que chega à sua quarta edição, reafirma a importância do debate racial dentro da universidade e busca ampliar o diálogo com a comunidade externa. “Acreditamos que essa é uma luta de todos. Por isso, o plantio e as atividades estão abertos à população de Piracicaba. Queremos que esse movimento ultrapasse os muros da universidade”, concluiu Bárbara.