A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu uma investigação para apurar possível fraude processual após a remoção de roupas camufladas dos mortos durante a megaoperação no Complexo da Penha, na zona norte do Rio. O caso veio à tona nesta quarta-feira (29), quando mais de 70 corpos foram retirados de uma área de mata por moradores e levados para uma praça, já sem os trajes e equipamentos usados durante o confronto. Segundo a Secretaria de Polícia Civil, há indícios de manipulação dos cadáveres, o que pode ter comprometido o trabalho de perícia e a preservação das provas.
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Imagens colhidas pelas equipes de investigação mostram pessoas retirando uniformes camuflados, coletes e outros equipamentos antes de expor os corpos em via pública. A suspeita é de que essa ação tenha sido feita para alterar a cena dos crimes e dificultar a reconstituição dos fatos, levando à abertura de um inquérito por fraude. A megaoperação, iniciada na terça-feira (28), mobilizou 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar em uma ofensiva de grande porte contra o Comando Vermelho, resultando em 121 mortos — 117 suspeitos e quatro policiais — e 113 prisões, incluindo 33 pessoas vindas de outros estados e 10 menores infratores.
Durante a ação, as forças de segurança apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas ainda em contagem. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o confronto foi planejado para isolar criminosos armados na área da Serra da Misericórdia, utilizando a tática conhecida como “Muro do Bope”, que cercou militantes e os empurrou em direção à mata. Apesar da complexidade da operação, o governo estadual classificou o número de vítimas civis inocentes como mínimo e considerou o resultado “dentro do esperado”.
O governador Cláudio Castro defendeu a ação como um sucesso estratégico contra o crime organizado, mas o episódio da remoção das roupas camufladas e manipulação de corpos gerou forte repercussão e abriu um debate sobre os limites e protocolos das operações policiais no Rio de Janeiro. O governo afirma que o caso será apurado com rigor para garantir transparência e resposta institucional diante das suspeitas de irregularidades.