15 de dezembro de 2025
CRISE

Raízen faz venda de ativos e Petrobras mira no etanol de milho

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 2 min
Arquivo/JP
As discussões ainda são preliminares e não há tratativas oficiais entre Petrobras e Raízen

A Raízen intensificou seu programa de desinvestimentos e já levantou mais de R$ 3 bilhões com a venda de ativos considerados fora do foco estratégico. O movimento inclui a alienação de usinas deficitárias em São Paulo, como Leme e Santa Elisa, e deve avançar com a negociação de unidades no Mato Grosso do Sul e na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. A expectativa é de que ao menos quatro usinas sejam repassadas até 2026, reduzindo índices de ociosidade que hoje passam de 20%.

Além do pacote de usinas, a companhia colocou à venda sua operação na Argentina, avaliada em até US$ 1,5 bilhão e considerada a peça mais valiosa da rodada. A rede de conveniência Oxxo, resultado da parceria com a Femsa, também entrou na lista de ativos que podem ser transferidos, embora sem pressa para a conclusão da negociação.
Segundo executivos, a estratégia busca simplificar o portfólio e diminuir o endividamento, que no fim do último exercício fiscal somava R$ 34 bilhões. O novo CEO, Nelson Gomes, defende que a prioridade é reforçar a geração de caixa e focar em negócios com maior eficiência operacional, em contraste com a gestão anterior, marcada por forte expansão.

Enquanto a Raízen recalibra suas operações, a Petrobras avalia uma reentrada no mercado de etanol, mas com maior inclinação para o milho como matéria-prima. Fontes ligadas à estatal apontam que o custo de produção mais baixo e a expansão do cultivo, especialmente no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), pesam a favor dessa escolha. A cana-de-açúcar, base das mais de 20 usinas da Raízen, aparece em desvantagem nesse cenário.

As discussões ainda são preliminares e não há tratativas oficiais entre Petrobras e Raízen. A estatal já sinalizou que, se voltar ao setor, deve adotar participações minoritárias, repetindo modelo de investimentos do passado.
No mercado financeiro, o movimento da Raízen animou investidores: após queda de 16% na semana anterior, as ações chegaram a subir mais de 10% em meio às especulações sobre desinvestimentos e possível interesse da Petrobras no setor.