22 de dezembro de 2024
MOBILIDADE

Prefeitura esquece pedestre e transforma calçada em ciclovia

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
A margem da avenida que tinha calçamento contínuo foi transformado em ciclovia

A Prefeitura de Piracicaba concluiu, na semana passada, a primeira etapa do circuito de ciclovias da cidade. O trecho que encerra a primeira fase do projeto tem 5,1 quilômetros mas, para conclui-lo, a Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) transformou a calçada de pedestres da margem direita da avenida Juscelino Kubistchek, na Vila Rezende, em ciclovia.

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Dessa forma, pedestres terão apenas a margem esquerda para se locomover, trecho que não é completamente calçado. No caso da avenida Juscelino Kubistchek, a ciclovia contemplará 688 metros de extensão e tem dois metros de largura, dentro das normas estabelecidas pelo Contran, segundo a Prefeitura. “O número de pedestres é muito baixo em toda a extensão da avenida, que concentra de um lado os fundos de imóveis da avenida Rui Barbosa e mata ciliar do outro. Por isso, um dos lados abriga a ciclovia e o outro ficou destinado a pedestres”, informou a Prefeitura.

A transformação da calçada em ciclovia foi criticada pela educadora em trânsito, Valéria Penatti, integrante do movimento Mais Ciclovias. “Não adianta você construir ciclovia desrespeitando a cadeia, do maior proteger o menor. Onde fica o pedestre nesse local? Independente do fluxo de pedestres ser pequeno, um pedestre é uma vida. Ele vai no meio da rua ser atropelado? Qual o projeto e planejamento que foi executado nesse sentido. Como educadora, sempre digo que Piracicaba está na contramão do que as cidades do mundo inteiro e do que outras cidades do Brasil têm feito. A cidade é para as pessoas. Isso é um desrespeito com a população. Não tem lógica, não respeita nenhum procedimento de mobilidade humana”, disse.

“Essa ciclovia nos surpreendeu pelo fato de que, de uma hora para outra, ela foi pintada em um calçada, tirando o espaço do pedestre. Claramente, para nós, foi feito só para cumprir a meta estipulada no começo da gestão. Ela (a ciclovia) não está conectando nada, foi feita sem planejamento porque não tem um sistema conectado. A nossa luta é por um sistema integrado, conectado”, disse Célia Choary, do Movimento Mais Ciclovias. Ela acredita que a estrutura entregue é feita para o lazer.      “A gente vê que a atual gestão não tem uma vê a bicicleta como alternativa para o transporte na cidade. A gente não vê nenhum planejamento para estimular um transporte ativo que seria muito benéfico para a cidade”, afirma.

A Prefeitura foi questionada se levou em consideração a condição de pedestres com dificuldade de locomoção, cadeirantes e pessoas com outras deficiências terão ao ter que usar a margem esquerda da avenida, que não é completamente calçada, mas não respondeu. O JP também questionou o motivo de não estreitar as faixas de rolamento de veículos para implantar a ciclovia no asfalto. “O fluxo de veículos é grande, por isso, a decisão de não suprimir uma faixa de circulação de veículos, atendendo com segurança o proposto para o trecho”, informou.

A primeira etapa da ciclovia tem início na Ponte do Morato e percorre área de vegetação dentro do Engenho Central até a passarela Estaiada. Depois, a ciclovia entra no Engenho Central, passa pelo Parque do Mirante, avenida Dr. Maurice Allain, atravessa a avenida Barão de Serra Negra e entra na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Agora, as obras seguem em nova etapa, no antigo Anel Viário Comendador Leopoldo Dedini, próximo à ponte que liga a rodovia Deputado Láercio Corte ao bairro Monte Alegre. O projeto prevê ainda, ao longo da ciclovia, a instalação de lixeiras e painéis informativos da rota. Haverá área de contemplação, destinada a parada, descanso e encontro de ciclistas, composta por bancos de concreto e paraciclo metálico.