16 de julho de 2024
QUEBRA DE DECORO

Ética: comissão sugere punição leve por falas de Juliana e Thomaz

Por Julio Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Montagem feita com fotos de Flavio Pereira/CMSJC
Juliana Fraga, do PT, e Thomaz Henrique, do PL

Após representações que pediam a cassação dos mandatos dos vereadores Juliana Fraga (PT) e Thomaz Henrique (PL), por suposta quebra de decoro parlamentar, a Comissão de Ética da Câmara de São José dos Campos recomendou que ambos recebam apenas punição de censura verbal ou escrita.

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Em manifestação sobre o caso, o relator da comissão, vereador Milton Vieira Filho (Republicanos), afirmou que as falas de Juliana e Thomaz, "embora no exercício da atividade parlamentar", foram proferidas "com excesso".

A decisão de seguir ou não a recomendação da Comissão de Ética será do presidente da Câmara, vereador Roberto do Eleven (PSD).

Michelle Bolsonaro.

As falas dos vereadores foram ditas na sessão do dia 16 de maio, quando a Câmara aprovou dois projetos que concedem o título de cidadão joseense ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Na tribuna, Juliana afirmou: "segundo as fontes dos próprios bolsonaristas, tem muito mais coisa para falar da Michelle Bolsonaro. Se a gente procurar nas fontes dos próprios bolsonaristas, tem coisas até pesadas, que eu não vou citar aqui, mas coisas pesadas que falam da Michelle. Mas eu ainda acho ela, sim, uma mulher astuta. E lá nos corredores da Câmara, como assessora, ela, uma mulher de família, se envolveu com homem casado, que virou presidente, né?".

E Thomaz respondeu: "eu gostaria que a vereadora do PT, que falou um monte de bobagens, que estivesse aqui para escutar, né? Porque ela, sempre que vem aqui, fala que é uma vereadora feminista, que defende as mulheres, mas só se forem de esquerda. Se forem de direita, o que elas merecem é insinuações mentirosas, difamatórias, né? Insinuações cruéis. Eu poderia dizer para a vereadora que eu também já escutei coisas pesadas a respeito dela. Será que é verdade? Será que eu deveria acreditar? Então, precisa tomar mais cuidado".

Representações.

Após sua fala, Thomaz foi alvo de duas representações: uma movida por Juliana e a outra pela vereadora Amélia Naomi (PT). Amélia, por exemplo, disse que a fala do parlamentar do PL, "além de misógina, fere a honra da vereadora Juliana", pois, ao afimar "já ter escutado coisas pesadas a respeito dela, sem especificar o que", faz insinuações baratas e covardes, apenas para atacá-la pessoalmente e gerar polêmicas vazias sobre sua reputação".

Já Juliana pedia que Thomaz esclarecesse o que "quis dizer com suas falas, especialmente sobre as ditas 'coisas pesadas' que ele afirma saber a respeito" dela.

Por outro lado, Juliana foi alvo de uma representação movida por Paula Rosangela Custodio, que é pré-candidata a vereadora pelo PL com o nome de Paula Preta Conservadora. A denúncia dizia que a vereadora do PT "destilou insinuações e até mesmo vocalizou graves acusações contra a honra de uma mulher por interesses meramente políticos e ideológicos".

Repercussão.

Procurados pela reportagem, Juliana e Thomaz disseram discordar da manifestação da Comissão de Ética, que pediu que ambos recebam punição de censura verbal ou escrita.

"Aplicação de censura verbal a uma parlamentar que falou em cima de dados e fatos, e igualar a recomendação a um parlamentar que fez insinuação infundada a uma  vereadora, eu acato, mas não acho justo", disse Juliana.

"Eu não disse nada demais e tive minha fala distorcida pelas vereadoras petistas, enquanto elas é que ofenderam gravemente adversários. No caso da Juliana, com injúrias contra a senhora Michelle Bolsonaro", afirmou Thomaz. "Lamento, portanto, terem tratado situações diferentes como iguais", completou.