19 de dezembro de 2025
FACÇÃO DO CRIME

Faturando milhões com o crime, PCC tem loteria, franquia e taxa para ampliar o caixa

Por Da redação | São José dos Campos
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Reprodução
PCC é a principal facção criminosa do país

Maior e mais temida facção criminosa do Brasil, com mais de 30 mil membros, o PCC (Primeiro Comando da Capital) diversifica seus negócios investindo em loterias, venda de franquias e cobrança de mensalidades dos seus associados. A meta é levantar dinheiro.

Com ramificações em quase todos os estados do país e até no exterior, a facção também arrecada com roubos, venda de drogas e armas e aluguel de armamentos. É o crime apostando alto para manter sua máquina funcionando.

A facção nasceu em 1993 no pavilhão anexo à Casa de Custódia de Taubaté, o chamado ‘Piranhão’, e atualmente domina presídios pelo país.

De acordo com o ‘Glossário do PCC’, documento confidencial produzido pelo setor de inteligência do sistema prisional de Minas Gerais e obtido por OVALE, o PCC criou várias formas de arrecadação para “promover a rentabilidade nos ditos negócios a serviço da criminalidade”.

O documento revela que o termo “Cebola” descreve uma mensalidade paga pelos membros do PCC que estão em liberdade. O valor mensal varia de R$ 400 a R$ 600.

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Semanalmente, a facção distribui prêmio por meio de rifas, espécie de loteria do crime, segundo o setor de inteligência do sistema prisional de Minas Gerais – a prática acontece em todo o país.

As rifas ocorrem a cada 45 dias e o comprador recebe 15 números por R$ 550, dependendo dos prêmios sorteados. Há ainda as ‘Lojas da Família’, que são pontos de comercialização de entorpecentes da ‘família PCC’.

Esses locais são abastecidos pelo ‘Geral da Financeira’, membro responsável pelo controle dos pontos de venda de drogas (as ‘lojas’) pertencentes à facção, que também funcionam como uma rede de franquias para expansão da comercialização de entorpecentes, de onde vem grande parte do dinheiro do crime.

O ‘Geral da Financeira’ tem a responsabilidade de manter as planilhas financeiras da organização criminosa em dia.

“Eles não criam regras que beneficiam a si próprios, mas para ordenar a cena criminal e organizar. Quem obedece, ganha mais dinheiro e tem vida mais longa no crime. É para ordenar a vida criminal”, disse Bruno Paes Manso, doutor e mestre em Ciência Política pela USP (Universidade de São Paulo), jornalista e pesquisador no NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP. Especialista em PCC, ele é autor do livro “A Guerra - Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil”.