24 de dezembro de 2025
PERSONAGEM

Em praça de São José, Emanuel volta a fazer política do modo antigo, sem deixar as redes

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Emanuel Fernandes em praça de São José, durante encontro político

Ideias na cabeça e um banco na praça.

Na época das redes sociais, Emanuel Fernandes volta a fazer política como no século passado: conversando diretamente com as pessoas nas ruas. Não precisa nem de microfone ou megafone. Só do banco.

Um dos políticos mais bem-sucedidos da região, Emanuel voltou ao palco da política com palestras nas ruas de São José dos Campos, além de análises em vídeos postados nas redes sociais. A intenção é despertar pessoas para a militância política e ajudar a formar novas lideranças.

O ex-prefeito da cidade por dois mandatos reuniu público para três palestras na Praça do Sol, na Vila Adyanna, região central de São José, no encontro das ruas Santa Clara e Santa Elza. Todas elas foram realizadas aos sábados, às 10h, com duração de pouco mais de uma hora, nos dias 4 e 25 de fevereiro e no último sábado, 4 de março, com cerca de 60 pessoas.

O tema é “O Brasil e seus desafios”, com três subtemas: “O que é e o que deveria ser”, “A economia e as instituições” e “A ação necessária e eficaz”.

“Podemos melhorar o Brasil. Minha motivação aqui é não me conformar que o Brasil seja isso. Em pequena escala fizemos alguma coisa, podemos fazer em grande escala no Brasil. Falta simplicidade, clareza e determinação para que esse país melhore”, disse Emanuel, na praça.

PARTIDO

Trata-se de um ressurgimento de Emanuel após o partido dele, o PSDB, perder suas principais lideranças da cidade, como o ex-prefeito e atual vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth, e o atual prefeito Anderson Farias, ambos formados na ‘escola’ Emanuel de fazer política e que migraram para o PSD.

Assim como Eduardo Cury, que continua no PSDB e não se reelegeu deputado federal após dois mandatos pelo partido, e que também foi prefeito de São José por dois mandatos, depois de ter sido secretário de Emanuel.

O último cargo na política de Emanuel foi como deputado federal entre 2007 e 2014. Depois disso, ele saiu de circulação pública e deixou até de dar entrevistas.

Já tendo sido secretário do governo de São Paulo em duas ocasiões, Emanuel é um dos políticos mais experientes do Vale do Paraíba, atrás apenas de Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e atualmente vice-presidente do Brasil.

Portanto, depois de praticamente sete anos de hiato, eis que Emanuel está de volta à formação política. “Candidatar sempre é um gasto e não quero ter carreira na política, faço outra forma de política e sempre fui militante. Quero que o Brasil melhore e dou minha contribuição para isso”, disse ele.

Leia mais: 'Se não apresentar um projeto ao país, eu e o Emanuel podemos sair do PSDB', diz Cury

IDEIAS

Na linha do cineasta Glauber Rocha e do Cinema Novo, do ‘Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça’, Emanuel volta às praças para fazer a política do jeito que mais gosta, a de conversar e se encontrar com as pessoas.

“Política é na rua. O conceito é de que as pessoas participam da construção da cidade, de valorizar os partidos e contar com bastante gente. Só aqui em São José o sucessor [na prefeitura] não briga com o sucedido”, afirmou ele em entrevista a Eduardo Cury, na TV Band.

Segundo ele, as pessoas estão insatisfeitas com a democracia representativa e as redes sociais permitem que cada um forme suas tribos, prejudicando o diálogo, considerado por ele fundamental para a política.

“Nesse primeiro momento, há esse esgarçamento provocado pelas redes sociais, mas acho que vai melhorar no futuro, mas vai demorar”, disse.

“O que estamos exacerbando é o que nos divide, e não estamos olhando o que nos une. Política é a arte de reunir o que nos une e regulamentar o que nos divide. Política substitui a briga”, completou o ex-prefeito.

Segundo ele, que tem publicado vídeos em sua página no Facebook para analisar o país, as redes sociais retomaram o instinto de dizer que “o Brasil errado é o dos outros”.

“Democracia tem que respeitar os adversários, para ser respeitado. Meus conceitos são do diálogo, que é a melhor forma, e da tolerância entre contrários. Essa polarização Lula e Bolsonaro não ajuda em nada.”

Ainda ”tentando entrar no Youtube” para postar vídeos de análise política, Emanuel faz das praças da cidade sua maior rede social.