09 de janeiro de 2025
MISTÉRIO

“Vou continuar procurando”, diz pai de Marco Aurélio, após 37 anos de buscas

Por Thais Perez | Piquete
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Ivo Simon é jornalista e advogado, pai de Marco Aurélio

Em mais um capítulo do mistério que intriga o Brasil por anos, o pai de Marco Aurélio, Ivo Simon, não planeja encerrar sua jornada em busca pelo filho. “Vou continuar procurando”, afirma Ivo, em entrevista a OVALE. Em quase quarenta anos, Ivo coleciona perguntas, mas obteve poucas respostas. Apesar da árdua caminhada, ele não deixa de ter esperanças de encontrar o filho vivo.

Na última quarta-feira (16), a Polícia Civil escavou um local de mata que em 1985 serviu de acampamento para um grupo de escoteiros que escalava o Pico do Marins, em Piquete. Um deles era Marco Aurélio, de 15 anos, que, mesmo após 37 anos, ainda não voltou daquela expedição.

A nova escavação teve como objetivo esclarecer uma das pistas sobre o paradeiro do garoto, que trabalha com a hipótese de Marco ter sido morto e enterrado no local, contudo, não teve sucesso em encontrar novas pistas.

Leia mais: Caso Marco Aurélio: Nova escavação será em área em que suposta cova foi vista em 1989

Marco Aurélio, gêmeo de Marco Antônio, nasceu em 1970, em São Paulo. Os meninos nasceram com 6 meses de gestação, apresentando uma série de problemas de saúde, Marco Aurélio nasceu com 940 gramas.

“Certo dia, me disseram que Marco Aurélio não passaria daquela noite”, conta Ivo. Durante a internação do filho, um dos médicos sugeriu que fosse administrada uma injeção no bebê, que poderia salvá-lo ou matá-lo. “Depois de batalhar muito, ele sobreviveu”.

Desde então, Ivo espera por um segundo milagre, encontrar o filho vivo. “Aprendi a ter paciência, desde a época em que ele estava internado”, explica Ivo. Nos primeiros dias do desaparecimento de Marco Aurélio, o pai chamou a atenção pela sua calma. “Eu precisava mostrar tranquilidade e pensar numa solução. Por dentro, estava fervendo”, afirma.

Durante estes 36 anos, Ivo perdeu a esposa para um câncer, passou por duas cirurgias cardíacas. Após todos os esforços para buscar o filho, Ivo ainda se pergunta se fez tudo que estava em seu alcance. “Será que fiz tudo que podia? Será que eu errei mais uma vez?”, completa o jornalista.

DESAPARECIMENTO.
Na manhã do dia 8 de junho de 1985, um grupo de cinco pessoas de São Paulo, formado por quatro escoteiros de 15 anos e pelo líder Juan Bernabeu Céspedes, à época com 36 anos, partiu do acampamento para tentar alcançar o cume do Pico dos Marins, que fica a 2.420 metros. A cerca de 1.700 metros de altitude, um dos garotos torceu o pé. Era por volta de 14h. Céspedes autorizou, então, que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento, para pedir ajuda, enquanto os demais levavam o rapaz que havia se machucado e que caminhava com dificuldade. O grupo se perdeu e só conseguiu retornar à base às 5h do dia seguinte. No local, encontraram a mochila de Marco Aurélio fora das barracas, mas o adolescente não estava lá.

As buscas se estenderam por 28 dias e reuniram aproximadamente 300 pessoas, entre policiais civis, militares, mateiros, espeleólogos (especialistas em grutas e cavernas), alpinistas, além de aeronaves. Nenhuma pista do paradeiro do escoteiro foi encontrada.

O inquérito estava arquivado desde abril de 1990, quando as investigações oficiais foram encerradas. Nessa nova etapa, a Polícia trabalha com duas linhas de apuração: que o escoteiro tenha sido morto e enterrado na propriedade; ou que ele ainda esteja vivo, com base em informações levantadas por uma investigação paralela feita por parentes e amigos da família de Marco Aurélio.