Em Paraty, o banheiro unissex foi tema de disparos de áudios pelo whatsapp na reta final da campanha. Brotou num grupo de comerciantes e, poucas horas depois, estava disseminada por toda a cidade.

Em Taubaté, uma vereadora do Republicanos foi condenada por espalhar essa e outras notícias falsas contra a candidata Loreny, do Cidadania, também pelo whatsapp. O ranking das candidaturas mais atingidas pelas fake news, divulgado por O Vale, revela, aliás, que as mulheres foram os alvos preferenciais dos ataques. E Manuela D'Ávila, em Porto Alegre, foi, de longe, a mais atingida.

A misoginia na política teria sido a maior dificuldade enfrentada por Loreny em Taubaté, ou isso foi agravado por seu perfil jovem? Teríamos a mesma reação do eleitor se a candidata de Ortiz Junior fosse a médica Rosa Celano, em vez do poste escolhido?

O fato é que, para se legitimar, as fake news valem-se do terreno fértil do atraso educacional e do conservadorismo ibérico do eleitor brasileiro, onde ideologia e sexismo estão entrelaçados. Enquanto as notícias falsas se multiplicavam nos municípios, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, bancava a Poliana em Brasília. Segundo ele, acredite, houve um "nível mínimo" de fake news nas eleições.

Se Loreny tivesse explorado a imagem de mulher madura, casada, distante dos arroubos da juventude, o resultado em Taubaté seria diferente?

Que faltou falar ao eleitorado conservador, parece evidente. Mas duvido que o resultado mudasse. Em quase todas as cidades, a onda conservadora alimentada pelas fake news elegeu candidaturas que deveriam ser desqualificadas e desconstruídas a qualquer custo no segundo turno. E isso veio para ficar..