18 de dezembro de 2025
INFLUÊNCIA

INSS: Ministro que travou julgamento foi denunciado em 2018

Por Ana Lígia Dal Bello | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/EBC
O julgamento dos recursos que poderiam frear esses descontos foi adiado ao menos cinco vezes por decisão de Cedraz.

Responsável por segurar por quase um ano o julgamento de recursos ligados ao esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz tem no histórico uma denúncia por tráfico de influência. Em 2018, o Ministério Público Federal (MPF) acusou o ministro e seu filho, o advogado Tiago Cedraz, de envolvimento num esquema de propina relacionado às obras da usina nuclear de Angra 3.

Leia mais: Inércia de ministro travou investigação sobre fraude bilionária

Segundo a denúncia apresentada pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Cedraz teria recebido valores da empreiteira UTC para interferir em decisões do TCU. O objetivo seria favorecer contratos da empresa no setor energético. A acusação incluía o pedido de condenação e devolução de R$ 4,4 milhões — valor supostamente pago em propinas, somado à reparação por danos morais.

A denúncia, no entanto, foi rejeitada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, por 3 votos a 2. Os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello consideraram que não havia indícios suficientes para abertura de ação penal contra o ministro. O caso foi arquivado e Cedraz manteve seu cargo no TCU. Já os demais acusados, incluindo o filho do ministro, foram remetidos à primeira instância da Justiça Federal.

Inércia

O episódio volta à tona em meio à apuração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que investiga uma fraude estimada em R$ 6 bilhões contra aposentados do INSS. As entidades envolvidas são suspeitas de realizar cobranças mensais sem autorização dos beneficiários. O julgamento dos recursos que poderiam frear esses descontos foi adiado ao menos cinco vezes por decisão de Cedraz.

Apesar de ter criticado a postura do INSS no início da apuração, o ministro evitou dar andamento ao processo durante quase um ano. O caso só voltou à pauta do TCU nesta quarta-feira (30), menos de duas horas após questionamentos feitos pela imprensa sobre a demora.

O ministro Aroldo Cedraz foi indicado pela Câmara dos Deputados e nomeado em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma das vagas destinadas ao Congresso Nacional no Tribunal de Contas da União (TCU).

Antes de assumir o cargo no TCU, Cedraz era deputado federal pela Bahia e filiado ao PFL (atual União Brasil). Sua indicação seguiu o rito constitucional: foi aprovada pela Câmara e, em seguida, formalizada por Lula.