14 de dezembro de 2025
DEPOIMENTO

‘Só queria mais um abraço da Lili’, diz diz mãe de menina morta por amiga de 12 anos

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Em 2020, Jéssica postou foto ao lado de Ana Lívia e escreveu: “Tempo, vai com calma!”

Jéssica Higino viveu ao lado da filha, a estudante Ana Lívia, por 13 anos. Em 27 de setembro deste ano, a tragédia se abateu sobre a família. A filha foi morta com um tiro na nuca por uma colega de 12 anos, em Taubaté.

Nada e nem ninguém podia prever a calamidade que se abateu sobre a família de Jéssica, que tem um filho ainda bebê.

Ela tem depurado a dor por meio de lembranças e sabe que tem que manter a força para seguir em frente. “Tem a dor de saber que nunca mais vou abraçar a minha filha”, disse ela a OVALE.

O caso aconteceu no bairro Jardim Paulista, em Taubaté, antes de Ana Lívia e a colega de 12 anos irem para a escola. Elas eram melhores amigas. A colega usou a arma de um tio para dar um tiro na nuca de Ana Lívia, que morreu na hora.

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A atiradora de 12 anos confessou o crime e está apreendida em uma unidade da Fundação Casa da capital, aguardando a decisão judicial sobre seu futuro.

Ela pode ficar internada na unidade de seis meses a três anos e voltar para a família aos 15 anos. Ana Lívia nunca mais vai voltar para casa.

Em dezembro de 2020, em uma postagem nas redes sociais, Jéssica parecia pressentir o destino trágico que viveria quase dois anos depois. Ela postou uma foto ao lado da filha e escreveu: “Tempo, vai com calma!”.

A pedido de OVALE, Jéssica escreveu um depoimento sobre a filha Ana Lívia, carregado de memórias da infância, do convívio com a tímida garota e de lamentos por ter que conviver, a partir de agora, apenas com a saudade.

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Assim escreveu a mãe de Ana Lívia sobre a filha:

Resolvi escrever sobre minha Lili.

Ela sempre foi uma criança bem tranquila, com muitos amigos, educada, gentil, sempre tratando as pessoas por tio, tia. Palavras como ‘obrigada’ e ‘por favor’, faziam parte da rotina dela.

Era vergonhosa também, mais muito companheira, amava animais, praia, piscina. Eu brincava que eu tinha um peixe grande.

Nunca teve problemas com a escola, sempre com boas notas. Foi aluna nota 10, aluna destaque.

Ela adorava quando o período integral da antiga escola fazia teatro. Sempre participava de todos com dança, inclusive ela adorava colocar música com passinho na TV, pra gente ficar disputando quem fazia igual – ela sempre ganhava porque treinava escondido de mim.

Lívia adorava tocar flauta. A comida favorita era pastel de brigadeiro kkkkk e ela queria fazer aula de teatro. Combinamos de no começo do ano procurar uma escola para ela fazer as aulas.

Ah, quantos sonhos e planos destruídos.

Ela queria tirar habilitação, mais morria de medo de moto! Para tirar foto era uma briga, viva a adolescência.

Eu poderia escrever um livro com tantas lembranças, tantos momentos incríveis que passamos juntas.

Agora só me resta a saudade, e a honra por Deus ter me permitido passar 13 anos ao lado de uma pessoa tão incrível!

Eu só queria mais um abraço, poder deitar na cama dela uns minutinhos antes de ir dormir e brincar com os ‘dogs’ como era de costume. Agora sempre o ‘boa noite Lili, te amo’, são sem a resposta de eu ‘também mãe!’.

Quero agradecer minha filha pelos 13 anos de amizade. Obrigada por me escolher como sua mãe Foi uma honra imensa ter você em minha vida, obrigada por ser minha amiga, minha companheira, me fazer gostar de Chiquititas – ahhh, só você mesmo.

Obrigada pelo orgulho de ser aluna nota 10, pelas risadas e piadas que só nos duas tínhamos.

Agora nós vamos seguir por caminhos diferentes. Aqui vai ser difícil sem você. Mas por você eu vou lutar, vou sorrir, vou viver.

Descanse nos braços do papai Marcelo. Eu cuidei de ti por 13 anos, e agora ele vai te cuidar pela eternidade!

Como todas as noites antes de dormir:

- Tchau Lili

- Tchau mãe!

- Te amo.