Na próxima segunda-feira, dia 14 de abril, a Pastoral da Mulher/Magdala realiza a Via-Sacra no centro da cidade, presidida por nosso Bispo Diocesano, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, acompanhado pelo assessor espiritual do trabalho, Padre Márcio Felipe de Souza Alves, que é, dentre outras funções, Reitor do Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia.
Nascida da sugestão de uma integrante do grupo, que não reside mais em Jundiaí, para que fizéssemos semelhante à que acontecia em sua terra natal, Imperatriz, no Maranhão, começamos sob as marquises, sozinhas, pelas calçadas e, depois, ela foi crescendo. Paramos durante a pandemia, em seguida a realizamos no quintal da sede da entidade e, neste ano, as mulheres não abriram mão de que voltássemos às ruas centrais.
Saindo da Magdala (Rua Senador Fonseca, 517 – concentração às 18h30 e saída às 19h), passaremos pelas praças e encerraremos no Jardim das Rosas defronte ao Hospital São Vicente. Você é nosso (a) convidado(a) especial.
São tantas as nossas inspirações do preparo à realização. Andamos por lugares onde houve ou há exploração de pessoas mais vulneráveis. Pessoas que viveram ou vivem sob dois lados: um que desperta desejos e outro com hematomas das pedras que lhes são atiradas, inúmeras vezes, por “gente de bem”, que anteriormente as usaram.
Escrevendo sobre lançar pedras, continua comigo a colocação do Padre Márcio Felipe na homilia do último domingo cujo Evangelho dizia da pecadora adúltera: o verdadeiro cristão, em lugar de julgar e atirar pedras, anuncia a misericórdia de Deus. E acrescentou sobre Jesus se abaixar, escrevendo no chão, ficando na altura da mulher que jogaram no meio de todos. Em meio a tantos anúncios, milagres, testemunhos, o Senhor comprovou essa misericórdia no alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.
No domingo passado, neste jornal, Dom Arnaldo em seu artigo “Preservar a esperança em Jerusalém” disse de Verônica. Palavras dele: “Audaciosamente, ela salta diante de Jesus no caminho do Calvário e lhe enxuga o rosto ferido. Sua atitude recorda a profecia de Isaías: ‘Não havia nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que nos atraísse’ (Is 53,2). Mais do que isso, esse gesto, para uma mulher da época, era incrivelmente arriscado. Tocar um prisioneiro condenado e enxugar o sangue de seu rosto era tornar-se impura e reconhecer-se seguidora daquele homem. Isso colocaria em risco a sua própria vida também. (...) Verônica é o sinal vivo de que, mesmo diante das maiores atrocidades, é possível resistir com esperança. É possível manifestar, pela força do afeto, pequenos gestos de ternura para com quem sofre...”
Dom Helder Câmara afirmou: “Ótimo fazer a Via Sacra, e fazendo a Via Sacra e contemplando o Bom Jesus dos Passos nossos olhos se abrem para descobrir o Cristo vivo em quem está sofrendo, humilhado, oprimido...”
Iremos para as ruas centrais revivendo o caminho de Jesus para a cruz, sem pedras nas mãos, na mente ou no coração e com o lenço de Verônica para enxugar, com olhar misericordioso, os que foram crucificados por sua história e se encontram sem forças para se levantar. Venha conosco!
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)