
O filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, que estreou em novembro do ano passado, já fez história. Indicado a três categorias do Oscar (Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz), o longa-metragem agora é motivo de campanha entre brasileiros, para que vença a premiação. Mas, antes de fazer história no mundo, o filme faz parte da história de uma jundiaiense. Júlia Cerione, de 28 anos, atuou como segunda microfonista na produção.
Júlia nasceu em Jundiaí e se mudou para São Paulo durante a faculdade. "Estudei na Faap e me mudei para São Paulo entre 2014 e 2015. Morando lá, fiz vários cursos e, quando me formei, em 2017, tinha feito alguns contatos, então, já saí trabalhando. Eu trabalhava em produções menores, mas sempre pedia para me chamarem para trabalhos maiores, porque queria fazer um longa. Aí conheci um amigo que tinha um amigo e me apresentou para eu trabalhar em um filme. Fiz esse filme, depois outro e, em 2019, conheci o Fabio Canetti, um carioca, que me apresentou ao Evandro Lima, também carioca, que é técnico de som, então comecei a filmar no Rio."
Júlia se mudou para o Rio de Janeiro em 2022 e, no mesmo ano, conheceu Laura Zimmerman, a responsável pela captação de som direto no filme. "No início de 2023, a Laura me ligou e me convidou para o projeto. Ela foi convidada pelo Walter Salles, que queria uma equipe pequena, mas convenceu ele de que precisaria de mais uma microfonista. Eu não tinha como recusar. Aceitei e filmamos de junho a agosto, mais ou menos."
Durante a produção, Julia foi assistente de som e microfonista em uma equipe de quatro pessoas, que faziam a captação de som direto para o filme. E, para ela, fazer parte do projeto foi especial. "Claro que estou na torcida para que ganhe como Melhor Filme, naõ só Melhor Filme Estrangeiro, mas, apesar das indicações para o Oscar, o melhor é a visibilidade. Não é fácil fazer Cinema no Brasil, onde a Cultura não é valorizada, onde nossa história é apagada, ainda mais em tempos de retrocesso, então essa visibilidade abre espaço para olharmos para o nosso país, nossa Cultura e, principalmente, para que a ditadura nunca mais se repita no país. O filme tem esse papel de comunicar algo tão importante. Independentemente de posicionamento político, é história."

