VIOLÊNCIA

Estupros em Franca: 121 casos até novembro, com pico em junho

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo/GCN
Em Franca, 121 casos de estupro foram registrados até novembro; junho concentrou quase 20% das ocorrências do ano
Em Franca, 121 casos de estupro foram registrados até novembro; junho concentrou quase 20% das ocorrências do ano

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) mostram que, entre janeiro e novembro de 2024, Franca registrou 121 ocorrências de estupro no município. Os números apresentam variações ao longo dos meses, com elevação em junho, que registrou 23 casos.

De acordo com os dados, os meses de janeiro e fevereiro tiveram 11 registros cada, enquanto março apresentou 4 casos. Em abril, os números voltaram a subir, alcançando 12 ocorrências. Maio e julho registraram 9 e 5 casos, respectivamente, enquanto agosto chamou atenção com 16 registros. Setembro teve 8 ocorrências, e outubro e novembro registraram 9 e 12 casos cada.

A SSP-SP ainda não divulgou os registros do mês de dezembro. Os 121 casos incluem também estupros de vulnerável – caracterizados por atos praticados contra menores de 14 anos ou pessoas com enfermidades ou deficiências mentais.

O mês de junho, com seus 23 casos, representou quase 20% do total acumulado até novembro. Esse aumento pontual ressalta a necessidade de políticas públicas mais efetivas, como leis mais rígidas para punir os agressores.

Falta de impunidade alimenta o ciclo de abusos

Isabela Tessedor, advogada especializada em violência doméstica e sexual, destacou que o aumento dos índices de abuso sexual está ligado à sensação de impunidade. “São crimes que, na maioria das vezes, ocorrem sem testemunhas. A única fonte de prova é a palavra da vítima. O trauma causado é tão grande que, muitas vezes, a vítima não quer denunciar. Isso dá confiança ao agressor para reincidir, fazendo novas vítimas”, explicou Isabela.

A advogada orienta que vítimas de abuso procurem imediatamente a Delegacia de Defesa da Mulher, onde podem receber atendimento médico, suporte psicológico e realizar exames de corpo de delito.

Atualmente, a pena para estupro varia de 6 a 10 anos, mas tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que propõe aumentar a pena para 12 a 20 anos. “Ainda assim, seria baixo diante dos reflexos do que o estupro causa na vítima”, analisou Isabela.

Perfil das vítimas no Brasil

Franca reflete uma realidade nacional. Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2024, um estupro é praticado a cada seis minutos no Brasil.

O perfil das vítimas mostra que 88,2% são meninas, 52,2% são negras e 61,6% têm até 13 anos. A maioria dos crimes (84,7%) é cometida por familiares ou conhecidos, sendo 61,7% realizados dentro das próprias residências das vítimas. Jovens de até 17 anos representam 77,6% de todos os registros.

O anuário também destaca a alta prevalência de estupros entre crianças e adolescentes de 10 a 13 anos, com uma taxa de 233,9 casos para cada 100 mil habitantes – quase seis vezes superior à média nacional de 41,4 por 100 mil. No caso de bebês e crianças de 0 a 4 anos, a taxa é de 68,7 casos por 100 mil habitantes, 1,6 vezes superior à média nacional.

A maioria das vítimas é do sexo feminino. Entre os meninos, os casos são mais frequentes entre os 4 e 6 anos de idade, com redução na incidência à medida que se aproximam da vida adulta.

Comentários

1 Comentários

  • Darsio 1 dia atras
    Não podia ser diferente, pois nessa sociedade que preza pela família, pátria e deus, prevalece a cultura de que o corpo da mulher é uma posse do homem. Veja a letra desse lixo de breganojo que chamam de música, sob o título \"Descer pra BC\": Nós vai descer, vai descer; Descer lá pra BC no finalzin\' do ano; Os bombonzin\' \'tão brozeando pra eu chegar e morder; Nós vai descer, vai descer; Descer lá pra BC no finalzin\' do ano; Os Cowboy vai litorando e vai torar você. Ou seja, a mulher deve se bronzear para se torar apetitosa e então ser torada pelo homem. Se não bastasse os erros absurdos na língua portuguesa, a letra é uma clara apologia de que o corpo da mulher deve servir unicamente aos prazeres do homem. Concordo quando dizem que no funk a mulher e o sexo são profundamente banalizados, mas esse breganojo não é nada diferente. Logo, enquanto prevalecer essa cultura de reduzir o corpo da mulher a um mero objeto para uso, abuso e descarte e, de total submissão ao homem, nada irá mudar.