Luiz Rossini é novamente presidente da Câmara e venceu com 27 votos contra 6 da oposição; desafios incluem administrar debates polarizados e manter a harmonia na Casa Legislativa.
No fim das contas, o Quarto Andar fez valer sua vontade, e Luiz Rossini (Republicanos) foi reconduzido à presidência da Câmara de Campinas para comandar o legislativo pelos próximos dois anos. A candidatura de Rossini ganhou força com as articulações de fim de ano e não encontrou o até então adversário Carlinhos Camelô (PSB) pela frente.
Por sinal, Carlinhos foi o terceiro a apresentar os nomes indicados à Mesa Diretora e, ao proferir seu voto, encerrou qualquer suspense que ainda restava, declarando apoio a Rossini. Sua escolha foi seguida por outros 26 colegas de plenário.
O antigo e atual presidente da Câmara enfrentou a bancada de esquerda, que votou de forma unânime em Mariana Conti (PSOL). O placar final foi de 27 a 6, com a base do governo demonstrando harmonia na escolha pelo experiente vereador do Republicanos.
Rossini, assim, seguirá no comando do legislativo. Em seu primeiro discurso após a eleição, enalteceu o campo das ideias antagônicas e afirmou que é do debate que “surge a luz”. No entanto, deixou claro que não tolerará agressões baseadas em discordâncias ideológicas.
Boa mensagem, especialmente porque podemos esperar o retorno à nacionalização dos discursos no legislativo, como ocorreu em 2021 e 2022. Essa tendência deve se manter neste biênio, com parlamentares defendendo temas frequentemente alheios ao trabalho municipal, mas de olho nas eleições gerais de 2026. Com a disputa ainda mais polarizada entre o lulismo e o bolsonarismo, os embates devem ser acalorados.
Já tivemos uma “amostra grátis” durante a posse dos vereadores, com provocações e sermões vindos de ambos os lados. Cada parte parecia embriagada por um sentimento de superioridade moral em relação ao adversário. Para quem acompanha a cena, o comportamento pode soar infantil, como birras de colegas no ensino fundamental.
Teremos o retrato real da nova Câmara de Campinas, que manteve boa parte dos nomes da legislatura anterior, assim que a casa iniciar os trabalhos das reuniões ordinárias em fevereiro. É provável que a temperatura dos debates aumente gradativamente nos embates entre direita e esquerda.
Rossini já testemunhou essa dinâmica quando foi líder de governo e, agora, terá a missão de administrar essa panela de pressão como presidente. Boa sorte, vereador. E, claro, muita paciência.
Presença e deferência
A solenidade de posse de Dário Saadi, Wandão e dos 33 vereadores contou com a presença dos deputados estaduais Paulo Mansur (PL) e Gilmaci Santos (Republicanos), além dos deputados federais Paulo Freire (PL) e Jonas Donizette (PSB).
No entanto, foi a deferência a Jonas Donizette que mais chamou a atenção.
O ex-prefeito de Campinas participou do ato na Câmara Municipal e, em seguida, compareceu ao evento no Palácio dos Jequitibás, organizado pelo Executivo. Durante a cerimônia, Jonas recebeu um lugar de destaque, sendo acomodado ao lado do prefeito Dário Saadi e do vice-prefeito Wandão, como uma mensagem para reforçar sua importância política no cenário local.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.