O antigo ditado, “a primeira impressão é a que fica”, nunca esteve tão atual. A imagem pessoal ou corporativa é uma construção, que vai definir a reputação para o bem ou para o mal, tanto nas redes sociais quanto nos negócios. É a sua marca digital, exatamente como aquelas impressas na carteira de identidade. Em um mundo onde as interações acontecem cada vez mais no ambiente virtual, a maneira como somos percebidos no primeiro contato pode determinar o curso das nossas relações profissionais e pessoais.
Uma imagem sólida exige consistência e autenticidade. Para os indivíduos, pode significar ter de alinhar a postura profissional ao comportamento nas redes sociais, especialmente em plataformas como LinkedIn. Atualmente, tudo o que você torna público, em qualquer veículo de comunicação, incluindo Facebook e Instagram, pode se voltar contra você. Um perfil descuidado ou fotos inadequadas são suficientes para comprometer oportunidades.
Já organizações de diferentes portes e setores de atividades, no país, enfrentam abalos na confiança de seus stakeholders, assim como dos clientes, com o impacto negativo na reputação. Tivemos vários exemplos de empresas brasileiras, em 2023, cujas imagens foram estremecidas, com crises geradas a partir da divulgação de inconsistências contábeis, trabalho análogo à escravidão, danos ambientais e sociais, descumprimento de obrigações fiscais e financeiras e má gestão.
Lojas Americanas e Braskem foram os casos das crises com maior repercussão pública. A primeira, originada por denúncias de fraudes contábeis, e a segunda, responsável pela mineração de sal-gema em regiões de Maceió, Alagoas, que registraram rachaduras e afundamento de solo. A impressão causada por esses episódios, além dos prejuízos financeiros, gerou danos à imagem difíceis de serem revertidos a curto prazo.
Num mundo hiperconectado, em que a competição é acirrada e a memória digital é quase eterna, a construção, proteção e manutenção de uma boa impressão se tornaram fatores decisivos para o sucesso pessoal e corporativo.
O CEO (Chief Executive Officer), como principal representante da empresa, desempenha um papel central nesse processo. Sua imagem e suas ações têm impacto direto na reputação da organização. Não basta apenas gerir o negócio com competência. Precisa ter habilidades comunicativas para ser um verdadeiro guardião da marca. Alinhar os valores da empresa, com autenticidade e transparência e demonstrá-las na comunicação que chega até o público é fundamental para se obter confiança. É também parte das funções do CEO articular a visão e o propósito da organização, inspirando colaboradores, conquistando clientes e atraindo investidores.
Outro fator relevante da era digital é a rapidez com que a informação se espalha dentro das redes sociais, exigindo monitoramento e atenção permanente sobre toda comunicação publicada, a devolutiva dos seguidores e a necessidade de se ter a capacidade de resposta quase imediata e proativa com o público.
Voltando ao nosso ditado, “a primeira impressão é a que fica”, cuidar da reputação é uma necessidade. Planejar o conteúdo e avaliar consequências, bem como analisar o cenário antes da exposição pode evitar muita dor de cabeça tanto para as organizações como para o público em geral.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora
(rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)