PRESIDÊNCIA

Bolsonaro gasta R$ 502 mil com cartão corporativo no Vale e na região de Campinas

Gastos incluem R$ 76,6 mil em padarias, R$ 1.187 em motociata e até em funerária

Por Xandu Alves | 29/01/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Reprodução

Bolsonaro cumprimenta apoiadores em São José dos Campos
Bolsonaro cumprimenta apoiadores em São José dos Campos

Durante o mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou meio milhão de reais com o cartão corporativo em cidades do Vale do Paraíba e da RMC (Região Metropolitana de Campinas).

As notas fiscais que detalham os gastos começaram a ser divulgadas na última segunda-feira (23) pelo site ‘Fiquem Sabendo’, agência de dados independente e especializada na LAI (Lei de Acesso à Informação).

OVALE levantou os gastos do cartão corporativo na gestão de Bolsonaro feitos em seis cidades da RMVale (São José dos Campos, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Aparecida, Lorena e Cachoeira Paulista) e três da região de Campinas (Indaiatuba, Americana e Campinas).

No geral, o cartão corporativo registra gastos de R$ 502,7 mil nas duas regiões em 102 vezes em que foi usado, média de R$ 4.928 por cada vez que foi acionado.

Os dados trazem gastos como R$ 76,6 mil em padarias, R$ 240,7 mil em hotéis e R$ 17,6 mil com equipamentos de áudio e eventos. Depois dos hotéis, os maiores gastos foram registrados com aeronaves e em aeroportos, com R$ 165 mil.

Nas padarias, a média de pagamento do cartão foi de R$ 9.587 por cada uma das oito vezes em que foi utilizado, valor que sobe para R$ 11,4 mil na média de acionamentos na rede hoteleira, em 21 utilizações do cartão.

Os apontamentos mostram ainda que o cartão foi usado para pagar R$ 1.187,26 em um posto de combustível em Americana, no mesmo dia de uma motociata com a presença de Bolsonaro e de Tarcísio de Freitas, em 15 de abril do ano passado. Curioso é que o cartão foi usado 23 vezes neste posto, no mesmo dia.

Essa não foi a primeira vez que o cartão da Presidência foi usado para pagar custos de motociata. As notas fiscais liberadas pelo ‘Fiquem Sabendo’ revelam que o cartão foi utilizado pelo ex-presidente em motociata em São Paulo, em 12 de junho de 2021, registrada como ‘evento oficial’.

Na ocasião, segundo os apontamentos, foi pedido que motos oficiais e descaracterizadas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) fossem abastecidas. Além disso, é possível verificar que Bolsonaro pagou mais de R$ 60 mil nesse dia em um hotel na região da Faria Lima, na capital paulista.

Comprovantes de dias anteriores também revelam que o ex-presidente abasteceu um veículo com gasolina usando o cartão corporativo.

Secretário-geral da organização ‘Contas Abertas’, Gil Castello Branco defende que o cartão corporativo deve ser destinado às despesas emergenciais ou imprevisíveis. "Notadamente quando não há tempo, ou conveniência, para que seja feita uma licitação e que sejam emitidos empenhos e ordens bancárias”, disse ele à BBC News Brasil.

Castello Branco defende ainda que as despesas com os cartões corporativos tenham “ampla divulgação”, com exceção apenas das que envolvam a segurança do presidente e de seus familiares. “São despesas pagas pelos contribuintes que, se reveladas, pensam as autoridades, geram constrangimento perante os eleitores”.

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