O motorista Homero Guedes Gasparini, 68 anos, transformou um pedido da mãe em missão de vida. Há mais de 30 anos, ele se fantasia de Papai Noel, e leva presentes e alegria a crianças de creches, hospitais e comunidades carentes de Bauru e Região. Ao JC, ele conta, emocionado, sua trajetória como o bom velhinho.
A tradição começou na década de 1990, quando sua mãe, Sônia Guedes Gasparini, pediu que ele se fantasiasse pela primeira vez. "Na época, ela fazia ações beneficentes distribuindo presentes e lanches em creches, asilos e hospitais. Um dia, o homem que se fantasiaria não apareceu e ela disse 'pega um travesseiro [para colocar na barriga] e você faz o Papai Noel. Eu não tinha nem a barba ainda'", relembra Homero, que tinha 37 anos na ocasião.
Desde então, ele se apaixonou por exercer o papel de bom velhinho. "Ver a alegria e as crianças sorrindo é maravilhoso. Até os adultos ficam loucos quando eu chego. Ontem [18], estive no Calçadão [da Batista de Carvalho] e todo mundo me parava, pedia fotos e falava 'olha o Papai Noel, está de folga hoje'", brinca Homero. Por conta da barba e cabelos brancos, além do sorriso simpático, ele não precisa de fantasia para ser reconhecido.
A dedicação ganhou ainda mais força com um pedido emocionado de Sônia, feito em seus últimos dias. Após sofrer um acidente, ela ficou internada na UTI e pediu que o filho continuasse o trabalho social. "A médica me chamou para ir até lá, porque minha mãe queria falar comigo. Ela disse: 'você continua minha obra? Você vai nos hospitais, creches e onde for preciso?'. Eu respondi que continuaria indo. Mas ela disse: "eu não vou poder ir mais". Ela morreu nos meus braços", conta Homero, aos prantos por relembrar a história. A morte de Sônia ocorreu há 5 anos, quando ela iria completar 80 anos.
Legado
Homero tem o compromisso de honrar o último desejo de sua mãe. Ao longo dos anos, seu trabalho cresceu e passou a incluir visitas a shoppings, casas e empresas. A rotina no período natalino é intensa: todos os dias, Homero participa de eventos e visitas, sem deixar de atender às comunidades que o recebem anualmente. Questionado sobre o momento mais marcante da trajetória, Homero tem dificuldade de destacar apenas um em meio a tantos sorrisos ao longo de três décadas. Entre os melhores momentos de sua carreira, estão as participações em campanhas da Coca-Cola, em que atuou por oito anos no tradicional caminhão iluminado.
Homero também divide a paixão natalina com a família. Pai de uma filha de 38 anos e avô de três netos, de 20, 11 e 10 anos, ele se orgulha de compartilhar os valores de solidariedade que herdou de Sônia.