ÂNIMOS ACIRRADOS

Vídeo mostra conflito em velório de jovem morto no Jardim Vitória

Por Lilian Grasiela | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/redes sociais
Confusão ocorreu no momento em que o rapaz morto em confronto com o Baep era velado
Confusão ocorreu no momento em que o rapaz morto em confronto com o Baep era velado

Dois jovens, de 18 e 21 anos, morreram em uma ocorrência envolvendo policiais militares do 13.º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (13.º Baep), na noite desta quinta-feira (17), na quadra 1 da rua João Camillo, no Jardim Vitória. Segundo o relato da PM no boletim de ocorrência (BO), a equipe reagiu após ser alvo de disparos, versão contestada por familiares dos baleados. Revoltados, populares fizeram protestos no bairro. Nesta sexta-feira (18), quando os corpos eram velados, policiais militares entraram no velório, no Parque Primavera, e, em meio a protestos e muita confusão, detiveram o irmão de um dos mortos.

A primeira ocorrência foi registrada por volta das 21h. De acordo com o BO, equipe do Baep fazia operação no bairro e, ao desembarcar da viatura, em uma área de pasto, iluminou a região e visualizou dois homens próximos a um arbusto que, segundo os policiais militares, passaram a efetuar disparos contra eles com arma de fogo, o que fez com que eles reagissem.

O socorro foi acionado, mas Guilherme Alves Marques de Oliveira, 18 anos, atingido no tórax, abdômen e joelho, e Luis Silvestre da Silva Neto, 21 anos, atingido na cabeça, morreram no local. Segundo o relato da PM, com eles, foram apreendidos revólver calibre .38 e pistola calibre .765, com as numerações raspadas, um radiocomunicador e uma mochila com drogas.

Sacos pretos de lixo com entorpecentes de diversos tipos também foram encontrados próximos aos jovens, conforme a PM. No total, segundo o BO, os policiais efetuaram 27 disparos de fuzil. O delegado plantonista foi até o local e declarou no registro policial que as armas não estavam junto aos corpos, pois haviam sido recolhidas pelos PMs. A região passou por perícia.

O delegado apreendeu os armamentos dos agentes e as armas recolhidas por eles e determinou realização de exame residuográfico nos jovens. A ocorrência foi registrada como morte decorrente de intervenção policial, tráfico de drogas, associação para o tráfico e tentativa de homicídio contra agente de segurança pública no exercício da função e será investigada.

Confusão

Na tarde desta sexta, o velório dos jovens mortos na ocorrência foi marcado por uma confusão envolvendo familiares e amigos deles e policiais militares. Vídeos encaminhados à redação mostram policiais militares dentro da sala onde um dos corpos era velado, no Parque Primavera, com cassetetes em mão, tentando deter o irmão de um dos jovens mortos, de 27 anos.

A mãe dos dois tenta impedir e chega a ser arremessada no chão por um dos PMs. Uma mulher também teria sido ferida no rosto durante a confusão. O irmão do morto foi retirado do local pelos policiais militares, com lesões no rosto, e conduzido ao plantão policial, sob protestos das pessoas que acompanhavam o velório. A mãe chegou a acompanhar o filho no plantão.

Porém, retornou logo depois para o sepultamento de seu outro filho, de 18 anos. A ocorrência foi registrada pela Polícia Civil como desacato, resistência e abuso de autoridade e, após serem ouvidas, e terem as suas declarações gravadas em vídeo, todas as partes foram liberadas pelo delegado plantonista. Os vídeos da ocorrência no velório também foram anexados aos autos.

No registro policial, os PMs alegaram que estavam em patrulhamento pela região quando passaram em frente ao centro velatório, sem saber quem estava sendo velado no local, e foram xingados pelas pessoas presentes, retornando para apurar de onde partiram as ofensas. Os policiais também declararam que pediram apoio em razão dos ânimos acirrados no velório.

Um dos PMs admitiu que atingiu o irmão de um dos jovens mortos com um golpe no rosto durante sua contenção, afirmando que ele resistiu à prisão e não quis fornecer seus dados. Já o advogado do jovem afirmou que os policiais militares invadiram o velório, agrediram verbal e fisicamente todos os presentes e desrespeitaram o direito da família ao luto, fazendo com que as pessoas reagissem com ofensas não contra os agentes, mas contra o suposto abuso da instituição neste caso em específico.

Resposta

A reportagem acionou as assessorias de imprensa da Polícia Militar (PM) e da Secretaria da Segurança Pública (SSP) pedindo um posicionamento sobre a ocorrência da morte por intervenção policial e também sobre a ocorrência envolvendo a confusão no velório.

Em nota, a SSP declarou apenas que a "Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos policiais envolvidos e adotar todas as medidas cabíveis".

Moradores fizeram um protesto no Jardim Vitória após a morte dos jovens (crédito: Reprodução/redes sociais)
Moradores fizeram um protesto no Jardim Vitória após a morte dos jovens (crédito: Reprodução/redes sociais)

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