FUTEBOL FEMININO

Em clima de Olimpíada, ex-jogadoras lembram time de Franca

Por N. Fradique | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Colaboração
Silvia (à direita) e Poty fazem parte da história do time feminino de Franca
Silvia (à direita) e Poty fazem parte da história do time feminino de Franca

Sem o futebol masculino nas Olimpíadas de Paris, o Brasil parou para ver a final das meninas entre a seleção brasileira e os Estados Unidos neste sábado, 10. As meninas conquistaram a medalha de prata, ao perderem para as americanas por 1 a 0. Duas ex-jogadoras pioneiras na modalidade em Franca - em uma época em que o futebol feminino ainda enfrentava preconceitos - destacam o momento olímpico, mas lamentam a falta de apoio e extinção da equipe adulta da cidade. 

Há quase 20 anos, Franca comemorava a conquista de uma vaga na Primeira Divisão do futebol paulista no futebol feminino. A cidade manteve uma equipe profissional por cerca de oito anos. 

Na época, o futebol feminino iniciava a busca por seu espaço no Brasil e o trabalho de Dona Maria começa a dar frutos na cidade. Aquele time foi ganhando espaço, novas jogadoras chegaram e a equipe passou a disputar vários campeonatos na região. Em 2006, conquistou o acesso à Primeira Divisão do Paulista e, posteriormente, disputou a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.

Nesse início do período de "profissionalismo", o time francano contou com a goleira Silvia Roncari, que depois assumiu o comando técnico da equipe, Poty, Luciana Sampaio, Edilaine, Janelice, Gabriela, Tereza, Zazá, Maira, Cristina, Mônica, Cubana, Sorocaba, Fabrícia, Rulquinha e Ana Paula. Em 2009, Franca chegou com a goleira Luciana Dionísio, atualmente servindo a seleção brasileira e é jogadora do time de Araraquara.

Silvia Roncari, que segue trabalhando como técnica das categorias de base do futebol feminino em Franca, lembra da época em que a cidade contava com uma equipe adulta e destaca a importância do apoio à modalidade e a obrigatoriedade que os clubes passaram a ter em relação à manutenção de equipes femininas.

“O futebol feminino vem galgando seu espaço ano a ano no cenário nacional e internacional. Exigência de equipes femininas nos clubes masculinos da Série A1, surgimento de Ligas vinculadas às Federações, as quais promovem competições entre as diversas categorias, vêm favorecendo o descobrimento de novos talentos”, disse Silvia.

Ela acrescentou que o apoio da família é importante para as meninas que buscam iniciar a carreira. “O apoio da família à prática da modalidade desde os 7 anos é importante, diminuindo assim parte do preconceito”.

A meia Poty, (Flaviana Marciana), que era a camisa 10, na época em que a equipe de Franca conquistou o acesso ao Paulista Feminino, divisão A1, lamenta a falta de apoio à modalidade. “Sou muito feliz por ter feito parte daquela equipe, época em que o futebol feminino começa a conquistar seu espaço. Foi grandioso e importante para todas as jogadoras, mas fico muito frustrada por Franca já ter disputado grandes campeonatos, terceiro colocado no Paulista, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, campeões de jogos Abertos e Regionais e não ter mais uma equipe (adulta), só de base”. 

A ex-craque disse que Franca colaborou para a convocação de muitas meninas para as categorias de base da seleção brasileira. “Para mim, esse cenário, sem Franca ter uma equipe principal, é uma derrota”, disse a ex-jogadora, que trabalha como professora em projeto social de futebol em Franca e é técnica da equipe de goabol da Sociedade dos Cegos na cidade. 

Poty destacou a campanha da seleção brasileira nas Olímpiadas, lembrou que também trabalhou com a goleira Luciana por várias temporadas em Franca. “O futebol feminino merece, todas as meninas merecem, pelas dificuldades que enfrentam no dia a dia. A Luciana treinou, jogou comigo tantos anos aqui em Franca, não foi a goleira titular (em Paris), porque a Lorena está muito bem é uma das melhores do mundo", observou.

Para ela, o futebol feminino precisa ser visto com mais profissionalismo. "Não como uma obrigação e sim ter um apoio maior. É uma alegria muito grande ver a seleção no topo, mesmo com tanto sacrifício. Não temos que comparar com o futebol masculino, cada um cada qual, cada um no seu lugar. Com relação a Franca, espero que a cidade volte ao lugar que já esteve”.

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