O FPX Cast, com Flávio Paradella, com apoio do Todo Dia Campinas, realizou nesta quinta-feira, 25, a 4ª e última entrevista com os principais pré-candidatos à Prefeitura de Campinas. E o último entrevistado foi o prefeito de Campinas e pré-candidato à reeleição, Dário Saadi (Republicanos), que rebateu as críticas de seus prováveis adversários nas eleições nas entrevistas ao FPX Cast, e falou sobre seus planos para a saúde, educação e segurança de Campinas.

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O pré-candidato e a candidatura

Dário Saadi tem 61 anos, e foi eleito prefeito de Campinas em 2020, após bater Rafa Zimbldi no 2º turno com 222 mil votos, 57% do total, contra 42,9% de Rafa. Antes, o médico urologista formado pela PUC-Campinas foi vereador por cinco mandatos consecutivos entre 1993 e 2012. Em 2012 foi candidato a vice-prefeito na chapa do então prefeito Pedro Serafim (PDT), mas teve a candidatura impugnada por problemas relacionados às contas de quando presidiu a Câmara de Campinas em 2006. 

Em 2015 assumiu a Secretaria de Esportes de Campinas durante o governo de Jonas Donizette (PSB), permanecendo até 2020, quando deixou a pasta para se candidatar a prefeito. E agora deverá contar com o apoio de mais de uma dezena de partidos para tentar se reeleger.

Pandemia atrapalhou mandato

O prefeito lembrou que foi eleito no primeiro ano de pandemia de covid-19, e que em seu primeiro ano e meio de mandato teve priorizar o combate à covid e a assistência aos que tiveram a doença. "Em um ano, um ano e meio de governo, a energia e toda a força do governo foi dedicada à pandemia. E tivemos sucesso, apesar das nossas perdas, infelizmente, de vidas, cada uma é importantíssima, mas a cidade não deixou ninguém para trás". 

Dário rebate críticas de adversários

Nas entrevistas anteriores ao FPX Cast, houve Rafa Zimbaldi (Cidadania) que afirmou que as creches (Espaço do Amanhã) que estão sendo entregues neste ano tiveram motivação eleitoreira, visando ajudar a campanha de Dário. Ele rebateu. "16 unidades, eleitoreira? Quer dizer que não vai funcionar, é isso que eles estão dizendo? Com todo o respeito, é uma crítica tão infundada que dá vontade de se dar risada, mas vamos respeitar, momento eleitoral, momento de campanha, é hora de vir crítica mesmo, é hora de gente ter proposta mirabolante, isso faz parte". Nesta sexta-feira, 26, ocorreu a entrega da 8ª unidade, e Dário garantiu o funcionamento ainda neste ano das que já foram entregues. "Estão sendo entregues e o chamamento público para as entidades já está sendo feito, e o nosso compromisso é colocá-las em funcionamento no segundo semestre”.

A promessa de Dário é que essas obras ajudem a zerar a fila de vagas em creches da rede municipal. "Quantas vezes a fila de creche foi motivo de pauta na eleição, acho que nas últimas, desde quando eu estou em Campinas, desde 1992, isso era falado, agora, felizmente, não vai ser tema da eleição, se os adversários vão me criticar, vão me criticar por outras coisas", destacou Dário.

Dário bolsonarista?

Também em entrevista ao FPX Cast, Pedro Tourinho (PT), afirmou que Dário é bolsonarista, pois em maio, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Campinas em um evento para ajudar o Rio Grande do Sul, Dário foi ao evento para se encontrar com Bolsonaro, deu um abraço no ex-presidente, e fez um breve, mas empolgado discurso. Dário afirmou que deseja contar com o apoio de Bolsonaro e do Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas rechaçou ser bolsonarista. "Apoio você recebe, agora, rotular? A cidade de Campinas me conhece desde 1992". 

Porém, Dário fez questão de frisar que, em uma política polarizada, ele está no lado oposto ao da esquerda. "Agora, do lado do PT, eu não estou, do lado dessa esquerda radical, eu não estou, eu não defendo a liberação de drogas, eu sou a favor da família, eu não defendo linguagem neutra, não defendo ideologia de gênero, então é muito claro querer me rotular disso ou daquilo, mas dessa turma que defende a liberação de drogas, que defende linguagem neutra, que defende outras coisas que eu não defendo, eu não sou".

Conflito com Lula e casas de 15 m²

Falando ainda sobre a oposição ao PT, Dário comentou o atrito que teve com o Presidente Lula (PT) na questão das casas-embrião no ano passado. Lula fez fortes críticas, e chegou a afirmar que Dário "não era humano". "Eu achei de um desconhecimento lamentável, um presidente fazer um comentário daquele, ele querer atribuir aquela construção dos embriões negociados com a Justiça, com a associação dos moradores, o grupo que representa os moradores, e a prefeitura entrando para atender um pedido da Justiça, dos moradores, como se fosse um programa habitacional da prefeitura. O presidente deve ter sido mal informado, e eu respondi com firmeza, eu falei, 'aqui não, aqui não', não é um programa habitacional nosso".

Dário aproveitou para explicar mais uma vez o contexto no qual as casas foram construídas. "Foi feito pedido de financiamento do Fundap, as empresas que construíram foram escolhidas pelos próprios moradores, a prefeitura faz o pagamento, eles pagam uma parcelinha. A própria Associação dos Moradores, que mesmo tendo lideranças que são candidatas até de partidos de extrema-esquerda, defendeu a prefeitura, não defendeu o Dário Saadi, não defendeu, mas foram justos com a prefeitura, dizendo que o que foi combinado foi com a Justiça".

Prioridade na Saúde

Dário afirmou que a saúde de Campinas sempre foi pressionada, e que a pandemia piorou a situação, já que muitas cirurgias tiveram de ser suspensas "Você pegou um sistema que já era pressionado e parou por dois anos, isso sobrecarregou todas as cidades", afirma. Diante disso, ele disse que pretende diminuir as filas em um eventual segundo mandato. "Nós estamos com um programa de redução de filas, está dando resultado, mas no segundo mandato, se Deus permitir e a população de Campinas assim entender, a gente vai ser mais agressivo em programas de redução de filas e de cirurgias mais complexas".

Ele também reclamou da queda nos repasses federais e estaduais para a saúde, e o aumento da necessidade de investimentos municipais. "Há 20 anos, 70% do dinheiro que Campinas investia no SUS vinha do governo federal e do governo estadual. Sabe quanto que é agora? 25% só. 75% do recurso é municipal, vem do ISS e do IPTU que a cidade paga". Ele defende o reajuste na Tabela SUS, e também outras medidas para que o município receba mais verbas para o custeio da saúde.

Dário prometeu também outras ações na saúde. "Nós vamos avançar mais na saúde digital, que está sendo um sucesso em Campinas, e vamos também trazer mais UPAs para a cidade. O nosso plano de governo está sendo discutido, e eu tenho que validar com a sociedade, nós vamos apresentar umas propostas muito interessantes para a cidade, mais detalhadas".

Educação Integral

O desejo de Dário para melhorar a rede municipal de educação é a ampliação de escolas que atendem em período integral. "O ensino municipal em Campinas é bom, mas nós precisamos melhorar, vamos investir no programa de escolas de tempo integral, o aluno tem que permanecer mais na escola".

Ele afirmou que boa parte das 5 mil vagas no programa "Espaço do Amanhã" são em período integral. "Até três anos é garantido o período integral para essas crianças. E depois vamos ampliando. E agora as nossas escolas de ensino fundamental, que já estamos prontos para lançar, como será a implantação e a transformação do ensino fundamental de Campinas em período integral".

O Prefeito afirmou que uma creche de qualidade pode ajudar na redução da desigualdade social. "Um dia fui ver uma palestra de uma especialista em educação e também em igualdade social. Sabe o que ela falou? A desigualdade começa na educação infantil. A desigualdade começa na creche. Se a criança não tem alimentação adequada, ensino adequado, estímulo adequado pedagógico, ela vai ter dificuldade de competitividade com quem teve essa educação infantil de qualidade".

Segurança

Dário afirma que os índices de criminalidade, em geral, caíram nos últimos anos, e afirma que possíveis aumentos acontecem em períodos de forma pontual. Sobre as ações da prefeitura no combate à violência, ele destacou a contratação de agentes para a Guarda Municipal. "Contratamos quase 200 guardas municipais, uma boa parte deles está no centro da cidade, no centro expandido, que é um problema sério da cidade, e mais, nós inauguramos há poucas semanas o Centro Integrado de Controle de Campinas".

Pessoas em situação de rua

Sobre a questão das pessoas em situação de rua, que são mais de 1,3 mil segundo o último censo feito pela Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social de Campinas, Dário afirmou ser um tema complexo, sem "solução mágica", e afirmou que em um comparativo com a capital paulista, o número de pessoas em situação de rua é proporcionalmente menor. "Eu estava em São Paulo, lá é estimado 50, 60 mil pessoas em situação de rua. Campinas é 10% de São Paulo, se tivesse a mesma proporção de São Paulo, nós teríamos 6 mil aqui". 

Dário falou sobre a "Operação Retorno", que tem como foco viabilizar a volta dessas pessoas para suas cidades de origem. “Várias vezes já ouviu que as cidades mandam pessoas para cá, mas a gente não tinha prova, não é verdade? Mas a gente fez um trabalho, identificamos mais de 20 cidades, algumas com mais pessoas, uma só não, 20 cidades, uma com uma pessoa, outra com cinco, dez, que mandam pessoas para cá contra a vontade das próprias pessoas. E nós já estamos na justiça e tem dado resultado, muitos já foram encaminhados de volta dentro dessa questão da operação retorno". Ele também citou um convênio com o Instituto Padre Haroldo e o programa consultório de rua, que atende essa população. "O maior problema é quando a pessoa fala 'eu não quero sair'. E aí? Aí a lei não nos permite tirá-lo à força. E muitas vezes ela está ali na rua escravizada pela droga."

Sobre a internação compulsória, defendida por outros postulantes ao cargo de prefeito, como Wilson Matos e Rafa Zimbaldi, Dário afirmou não ser contra, mas afirma que esta não é a solução do ponto de vista de política pública. "Primeiro que ela precisa ter autorização judicial. Segundo que você tem que disponibilizar um grande número de leitos psiquiátricos que muitas vezes não tem, porque ilude-se a pessoa, que muitas vezes não conhece, acha que a internação compulsória vai lá numa ‘clínicazinha’ ou numa comunidade terapêutica, que a pessoa fica lá. A internação compulsória parece uma prisão, porque a pessoa está ali contra a sua vontade e não é assim. Onde está funcionando isso no Brasil?", questionou Dário, que completou. "Você não vai ouvir de mim nenhuma proposta que acaba da noite para o dia, a não ser que você me mostre, 'olha, lá em tal lugar, fizeram lá mil internações compulsórias e resolveu maravilhosamente bem', eu vou lá amanhã cedo, trago quem fez isso pra cá e implemento aqui", finalizou.

Você pode conferir a entrevista completa com o pré-candidato Dário Saadi (Republicanos) abaixo.