CONDENADA

Técnica de enfermagem tentou matar 11 recém-nascidos no RS

Por | da Redação
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Reprodução/Arquivo/RBS TV
Mulher permaneceu em prisão preventiva por quase um ano. 
Mulher permaneceu em prisão preventiva por quase um ano. 

Acusada de tentar matar 11 bebês recém nascidos em Canoas (RS), a técnica de enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro, de 40 anos, foi condenada nesta sexta-feira (12) a 51 anos de prisão. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ela usou substância análoga a veneno. A ré poderá recorrer em liberdade.

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Os fatos ocorreram entre 5 e 12 de novembro de 2009. A mulher foi presa em flagrante após a polícia encontrar seringa e medicamentos no armário dela. Ela permaneceu em prisão preventiva por quase um ano.

Os jurados consideraram a ré culpada por nove tentativas de homicídio qualificadas. Num dos casos ela foi absolvida e em outro o crime foi desqualificado para lesão corporal.

Na denúncia, o Ministério Público acusou a profissional de ministrado às crianças morfina, entre outros medicamentos, sem ordem médica, assumindo o risco de matá-las. Os bebês tiveram problemas respiratórios, convulsões e foram internados na UTI neonatal. Ela teria agido durante seu expediente de trabalho no Hospital da Ulbra de Canoas.

Insanidade mental

Durante o processo, verificou-se a condição mental da mulher, e o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) considerou que ela tem perda parcial da compreensão da conduta ilícita e da capacidade de autodeterminação.

No interrogatório, Vanessa afirmou ter ministrado medicamentos às crianças, sem saber precisar o número de vítimas, nem dizer qual fármaco utilizado. Segundo ela, os remédios foram dados na boca dos recém-nascidos com seringa.

A ré afirmou que sabia o que estava fazendo, mas não conseguia parar. Ela disse que praticou os crimes por desconhecer, na época, que tinha um transtorno mental e não fazia tratamento psiquiátrico.

“Não conseguia parar de ministrar os remédios mesmo sabendo que era errado. O que lembro é que nunca virei as costas para nenhuma delas (referindo que auxiliou no socorro)”, disse. Os remédios foram pegos no próprio hospital.

Passado de abusos

A técnica de enfermagem relatou que, na infância e adolescência, sofreu abuso sexual, automutilação, fugas da casa dos pais, e tentativa de suicídio. Acrescentou que a partir de 2017, foi diagnosticada com ‘Síndrome de Mushalzen Por Procuração’, situação na qual o pai ou a mãe inventa doenças para o filho.

Naquele mesmo ano, passou a fazer tratamento psiquiátrico com medicação. No caso dela, conforme relato da psiquiatra que a atende, as vítimas seriam as pessoas sob seus cuidados.

No depoimento da testemunha de defesa, o Médico Psiquiatra Forense, Silvio Antônio Erne, contratado como assistente técnico, afirmou que ela possui um transtorno de personalidade do tipo impulsivo e instável, com dificuldade de conter impulsos. Para ele, embora a ré tenha capacidade de entendimento, não tem capacidade de determinar-se.

Diferentemente do laudo do IPF, que aponta que ela seria parcialmente capaz de determinar-se, o depoente avaliou ser a ré plenamente incapaz.

Além do médico, foi ouvido também o marido dela. Pela acusação, depôs a ex-coordenadora dela no hospital, um policial que investigou o caso na época e duas mães de vítimas.

Teses 

O Promotor de Justiça Rafael Russomanno Gonçalves enfatizou o laudo do IPF e apontou que a ré agiu assumindo o risco de matar as crianças.

“Aqueles medicamentos têm lacre, rótulo, ela sabia o que estava aplicando. Ela sabia o que estava fazendo, tanto que todos os bebês tiveram os mesmos sintomas: ficaram moles, roxos, sem ar. Os bebês estavam na UTI quando ela seguia praticando (os crimes). A gente não pode minimizar o que aconteceu. Ela sabe que está errada e podia ter agido diferente”, ressaltou.

O promotor pediu a condenação dela para casos envolvendo dez vítimas. Em relação à outra vítima, pediu absolvição pela falta de provas.

O Advogado da ré Flávio de Lia Pires defendeu a absolvição em relação a pelo menos seis vítimas. Para ele, não há elementos que indicam substâncias no organismo de todas as crianças com sintomas. Falou que a ré tem doze transtornos mentais, alegando que ela precisa de tratamento médico e não prisão.

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