MELHOROU

Brasil reduz taxa de crianças sem vacina contra pólio em 2023

A cobertura vacinal da poliomielite apresenta resultados abaixo da meta de 95% desde 2016

Por Luana Lisboa | 23/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Folhapress

Arquivo/Agência Brasil

No ano passado, a cobertura da primeira dose contra pólio chegou a 84%, um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2022
No ano passado, a cobertura da primeira dose contra pólio chegou a 84%, um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2022

O Brasil registrou, em 2023, uma melhora na cobertura vacinal infantil de poliomelite em relação ao ano anterior, aponta levantamento feito pelo Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância). Em 2022, 9,5% das crianças menores de um ano não receberam a primeira dose da vacina (243 mil). Em 2023, 6,3% dos bebês não receberam a dose (152,5 mil). O levantamento foi feito com base em dados do Ministério da Saúde.

A poliomelite, ou paralisia infantil, é causada pelo vírus da pólio, que havia sido erradicada na década de 1990, quando o país se tornou um local livre do patógeno. A vacinação é a única forma de prevenção da doença.

A cobertura vacinal da poliomielite apresenta resultados abaixo da meta de 95% desde 2016. No ano passado, a cobertura da primeira dose chegou a 84%, um aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2022, afirmou a ministra Nísia Trindade em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (23).

Segundo Trindade, 13 das 16 vacinas do calendário infantil tiveram aumento da cobertura em relação ao anterior. O incremento foi em torno de 4 a 9%, a depender de cada vacina. "Sabemos que desde 2015 vivemos uma queda na cobertura vacinal, devido a múltiplos fatores. Entre eles, a vacinação está inserida na Estratégia de Saúde da Família [ESF], que foi enfraquecida, ao lado de todo o negacionismo", disse a ministra.

A ESF faz parte da Atenção Primária à Saúde (APS), responsável pelo primeiro contato das pessoas com o sistema de saúde. Neste mês, o Ministério da Saúde anunciou medidas com a intenção de fortalecê-la.

De acordo com Luciana Phebo, chefe de Saúde e Nutrição da Unicef, em entrevista à Folha, a queda da cobertura pode ser atribuída, ainda, ao "sucesso da vacina".

"Ninguém mais via caso de pólio no Brasil. O fato das vacinas terem funcionado bem propiciou um ambiente em que essas doenças não mais preocupavam os brasileiros", disse ela. Desde a baixa na procura, o Brasil corre um risco de retorno da poliomielite.

O Ministério tenta estratégias para melhorar a adesão às vacinas. Segundo a ministra, em 2023 houve uma destinação de R$ 6,5 bilhões para a compra de imunizantes e, em 2024, o número vai a R$ 10,4 bilhões.

A melhora no cenário em 2023 foi atribuída pela pasta à estratégia de planejamento de atividades de vacinação, uma parceria com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). O método é focado em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) a nível local para atingir as metas de vacinação, a partir da organização sistemática das atividades de imunização e com participação de líderes de comunidades.

Em abril, o governo federal lançou ainda o Movimento Nacional pela Vacinação na Comunidade Escolar, que leva imunizantes que fazem parte do calendário da criança e do adolescente para unidades escolares.

A ministra reconheceu ainda que a estratégia de vacinação deve ser aperfeiçoada, para que a meta de 95% da cobertura vacinal seja atingida, e mencionou uma necessidade de apoio do Congresso Nacional no assunto. "Não é uma agenda só do Ministério, se for assim, não temos chance de sucesso".

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