FEVEREIRO LARANJA

Tratamentos novos ajudam esperança de cura da leucemia

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Fevereiro Laranja conscientiza sobre leucemia e diagnóstico precoce
Fevereiro Laranja conscientiza sobre leucemia e diagnóstico precoce

O Fevereiro Laranja é a campanha que conscientiza sobre a leucemia, para que o diagnóstico da doença seja precoce, assim, o tratamento é mais eficaz. E sobre tratamento, também há mais possibilidades atualmente, o que melhora as perspectivas e amplia as chances de cura. Leucemia deixou de ser um sinônimo de doença quase incurável.

Após o diagnóstico de leucemia aguda, Porthos Martinez conta que, no início, os sintomas foram confundidos com dengue, mas, após a persistência dos sintomas, foi feito um mielograma, exame que aspira a medula. "Desde criança, até os 9 anos de idade, eu era uma criança que praticava muitos esportes, como boxe, futebol, natação e taekwondo. Eu vivia participando de campeonatos direto. De 9 anos para 10 anos de idade, eu comecei a apresentar alguns sintomas, como febre, cansaço, infecções recorrentes e, além disso, uma palidez muito grande", diz. O resultado, infelizmente, foi o câncer.

Já no tratamento, houve uma longa trajetória. "A minha leucemia era aguda e, em 2010, quando fui diagnosticado, eu acabei realizando o primeiro tratamento, com quimioterapia, em um hospital de São Paulo, mas infelizmente o tratamento não deu certo. Quando eu tive uma recidiva, uma recaída, eu troquei de hospital e, no novo hospital, eu fui colocado na fila de transplante de medula até achar um doador. Em 2013 eu acabei realizando o transplante. O transplante em si foi perfeito, bem sucedido, mas devido a tantas medicações que eu tomei no passado, eu acabei tendo umas complicações. Tive uma síndrome hemolítico-urêmica, tive um AVC hemorrágico, trombose e também outras complicações. Foi uma batalha e tanto", lembra.

Superada a doença, Porthos precisou fazer várias terapias, mas descreve com muita alegria a vitória. "Com certeza, foi a melhor experiência da minha vida, escutar que eu estava curado, que eu podia voltar a fazer o que eu fazia antigamente, que eu podia viver longe do hospital, minha vida voltar ao normal, eu voltar para a escola. Como eu disse, voltar a fazer o que fazia antes. Foi a melhor notícia da minha vida. E exatamente por isso que eu agradeço a todos, que me ajudaram durante a campanha e continuam me ajudando até hoje. Para mim, foi essencial e sou grato a todos. O sentimento de vencer uma doença é muito incrível, uma sensação que você fala 'eu consegui e acabou'. É uma sensação de estar livre, uma emoção muito grande, única, espetacular."

A DOENÇA

Hematologista do Hospital São Vicente, Flávia Novoa explica que a leucemia é uma alteração na medula, não uma evolução da anemia, como muitas pessoas acreditam. "Leucemia é câncer nas células do sangue. Dentro do osso tem medula e lá que tem alteração. A leucemia aguda tem uma explosão de células, então elas ocupam todo o tutano e não tem produção de sangue. Se não tem produção de sangue, a pessoa fica anêmica, tem diminuição das defesas, então infecções se agravam e aumentam o risco de morte. Mas a leucemia não é evolução da anemia, a anemia é uma manifestação da doença, junto com plaquetas baixas, sangramentos, febre e tosse", conta.

"A gente pensa como algo que está na veia, mas sangue é produzido dentro do osso e lá que tem a leucemia. Quando a doença evolui, as células saem do osso e descobrimos essas células no sangue periférico", explica ela sobre a leucemia aguda.

O outro tipo é a leucemia crônica, mais difícil de diagnosticar. "Já na crônica, o paciente tem a medula acelerada. São células a mais, mas são funcionais, então demora para ter sintomas e às vezes a pessoa só descobre fazendo exame de sangue. Ela também evolui mais devagar, mas vai para o mesmo problema. É uma saturação de células no sangue, funcionais, mas em excesso."

Já sobre os tratamentos, houve avanços ao longo dos anos. "Toda pessoa com leucemia faz quimioterapia. Tem alguns pacientes que só com a quimioterapia conseguem a cura, mas em alguns casos a doença pode voltar. Antes, o tratamento era o transplante de medula, dar uma medula nova para o paciente. Mas hoje temos também a imunoterapia, que modifica células T para que elas encontrem e matem as células doentes. É uma possibilidade maior, que antes não existia", diz Flávia.

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