A restauração de ecossistemas e substituir o cinza do concreto e do asfalto pelo verde da vida natural é a proposta do projeto de biodiversidade "Vamos Reflorestar", que consiste no cultivo de mudas de árvores nativas e distribuição gratuita à população.

Infelizmente, não é aqui. É em Campinas que a bióloga Luciane Kern Junqueira impregna de entusiasmo os alunos do Curso de Ciências Biológicas da PUC-Campinas, a nossa gloriosa PUC, de onde saíram tantos profissionais que atuam em Jundiaí e procuram torná-la mais humana e com maior qualidade de vida.

O trabalho dos futuros biólogos já distribuiu mais de vinte mil mudas no município. As espécies são as indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismo e plantio doméstico. As mudas são cultivadas no Viveiro da Universidade e desde 2013. Predominam seis espécies: os quatro tipos de ipê - branco, amarelo, roxo e rosa, a aroeira pimenteira e canafístula. Já se plantou também tamboril e não se excluem jequitibás, jacarandá mimoso, quaresmeira, espatódia, flamboyant e pau-ferro.

O projeto se insere no Programa Educação Tutorial - PET Biologia, que recebe bolsa do governo federal e foi idealizado com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre preservação ambiental e inserção da Universidade na comunidade. É um convite à população para que ela faça a diferença. Não é suficiente preservar, porque o desastre no extermínio de árvores é imenso. Agora é pensar em recuperar.

A Universidade brasileira se alicerça sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Extensão é participação da Universidade na comunidade que a sedia. O papel do ensino de grau superior é transformar o ambiente. Modificar o entorno. Um local não pode continuar a ser o mesmo, quando hospeda um ensino universitário.

Só se preserva e se cuida daquilo que se conhece. Por isso é essencial a sensibilização da população, para que ela crie uma concreta conexão com a natureza. O projeto da PUC-Campinas ratifica as diretrizes de sustentabilidade, um dos eixos estratégicos da Universidade e da Encíclica "Laudato Si", do Papa ecologista, o argentino Francisco. Não é por acaso a escolha do nome do santo do milênio, que chamava a natureza de "Irmã".

O "cuidado com a casa comum" é obrigação de todo ser racional. Principalmente na esfera em que a irracionalidade predomina: destruição inclemente do verde, extermínio de espécies, aceleração do caos apocalíptico inevitável, se a insensatez prosseguir.

O grupo de trabalho é formado por quinze pessoas: a tutora, doze estudantes escolhidos por processo seletivo e dois universitários voluntários. Apesar de ser atividade extracurricular, todos têm algo em comum: a preservação ambiental como objetivo de vida. Tudo é feito por eles, do cultivo à distribuição das mudas. O processo começa com a escolha de sementes certificadas, aquisição de insumos e materiais necessários ao plantio. O grupo também é responsável pela manutenção e dedicação semanal às atividades do Viveiro. O tempo entre o plantio e a doação vai de 4 a 6 meses, dependendo da espécie.

Além da doação para a comunidade externa, o Viveiro também fornece mudas para plantio nos campi da Universidade. A PUC-Campinas é uma das mais responsáveis ambientalmente, no ranking do UI GreenMetric World University Ranking, iniciativa da Universitas Indonesia.

Parabéns Campinas! Que seu exemplo frutifique e se dissemine!

José Renato Nalini é reitor de universidade, docente de pós-graduação e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letrasb(jose-nalini@uol.com.br).