SELECIONADA

Letícia é estudante do oitavo ano e já está se preparando para a viagem. O filme "Vírus" foi o responsável por essa conquista. "A ideia surgiu em conjunto e todos contribuíram na criação do roteiro. O curta fala sobre o vício nos celulares e sobre como isso nos transforma em 'zumbis', e como precisamos nos desconectar um pouco e viver mais na natureza. Queríamos mostrar como ignoramos pessoas do nosso dia a dia por causa das telas e ficamos mais conectados por mensagens do que trocando uma ideia pessoalmente. Perdemos coisas importantes do nosso dia e acabamos não aproveitando nada."

A ida até a Alemanha será a primeira viagem internacional da estudante. Letícia está muito ansiosa. "Eu nunca estive na Alemanha e nem fora do país antes, por isso estou muito ansiosa e ao mesmo tempo nervosa. São milhares de emoções misturadas, momentos que vão ficar marcados na minha memória." Ela também conta quais experiências espera conquistar. "Eu espero adquirir mais conhecimento e conhecer novas culturas. Ano passado, o curso esteve presente na escola, mas não participei. Esse ano, resolvi participar e foi uma das melhores decisões que já tomei. Fico muito feliz e emocionada por ter essa oportunidade única."

A estudante também revela gostar muito do processo de filmagem e de atuação dos curtas, por isso, quando questionada sobre o que gostaria que acontecesse no seu futuro, Letícia comenta sobre as "mil vidas" que uma atriz pode ter. "Sobre isso eu ainda não sei, mas eu gostei muito de atuar e de participar da parte técnica da produção do filme. Foi uma experiência muito divertida e única, que com certeza eu adoraria repetir. Caso eu queira ingressar no mundo dos cinemas, seria como atriz. Elas vivem 'mil vidas' e mil experiências com personagens."

Sobre conselhos para aqueles que desejam ser cineastas algum dia, Letícia diz: "Nunca desista! Foque no que você quer, foque no seu sonho, sempre pense em você e sempre lute pelo que você quer".

PROGRAMA IMAGENS EM MOVIMENTO

Ana Dillon é fundadora e diretora geral do PIM, explica a ideologia do projeto. "O programa surgiu em 2011, enquanto eu fazia mestrado na França. Meu orientador criou uma metodologia para trabalhar com o cinema em escolas públicas em 1995, que vem sendo desenvolvida e aprimorada por grupos de diversos países desde então."

Esta metodologia deu origem à rede Cinema, Cem Anos de Juventude, um dispositivo colaborativo experimental de iniciação ao cinema, que hoje reúne profissionais da área, professores, salas de cinema, associações e cinematecas de 15 países. "A ideia é trazer a experiência de analisar e criar filmes para dentro da sala de aula. E isso fez tanto sucesso, que acabou se tornando uma rede mundial", comenta Ana.

Com patrocínio de uma empresa da região, o PIM é o projeto pioneiro na América Latina a participar desta rede mundial. Para implementar esta iniciativa, Ana criou a ONG RAIAR (Redes de Ações e Interações Artísticas).

A fundadora também é professora em oficinas do projeto em escolas públicas do Rio de Janeiro. Questionada sobre os pré-requisitos para estudantes participarem do PIM, Ana pontua. "O programa é inteiramente voltado para os estudantes de escolas públicas, em horários em que normalmente não teriam aula. É uma forma de estimular a ocupação das escolas em horário integral, e a participação dos alunos é voluntária."

Em relação aos professores, Ana conta que também há formações especificamente voltadas para eles. "Temos alguns cursos para educadores, esporadicamente. Fazemos oficinas on-line e presenciais."

O evento internacional da rede Cinema, Cem anos de Juventude acontecerá em junho, em 3 dias seguidos, com exibições dos filmes que os alunos produziram, e debates sobre os mesmos. "O encontro sempre aconteceu na França, então o fato dele ocorrer neste ano na Alemanha é muito diferente e causa expectativas. Principalmente pelo fato do cineasta Wim Wenders estar presente no dia 6 de junho com os alunos", revela a fundadora. Desde 1996, Wenders é presidente da Academia de Cinema Europeu em Berlim.