O novo Ministério da Indústria e Comércio

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O discurso de posse do vice-presidente, Geraldo Alckmin, como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços foi acertado em seu conteúdo. É um alento para nós, representantes da indústria, constatar que a mais alta autoridade pública do país no assunto sabe da importância do setor para o crescimento do Brasil e tem uma visão alinhada aos preceitos defendidos por Fiesp e Ciesp.

Logo no começo de sua fala, Alckmin afirmou que "a reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável". O novo ministro entende que a indústria brasileira precisa resgatar seu protagonismo com urgência, ampliando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). A precoce desindustrialização do país encolheu a fatia do setor na economia, que caiu de 22% do PIB em meados dos anos 1980 para 11% em menos de quatro décadas.

Nunca é demais reiterar que a indústria espalha riqueza. Alckmin mencionou que, a cada real produzido pelo setor industrial, a economia ganha algo em torno de R$ 2,43. A indústria de transformação responde por quase 70% do investimento em pesquisa do país. O impacto positivo do segmento se materializa ainda nos empregos de qualidade que gera e nos vultosos impostos que recolhe – contribui com cerca de um terço da arrecadação tributária, quase três vezes sua participação do PIB.

O ministro, aliás, reconheceu esta distorção em seu discurso. E indicou que, além da melhoria do ambiente de negócios no país, o fortalecimento da indústria passa, necessariamente, pela redução do Custo Brasil. Vale lembrar que pesquisa realizada por Fiesp/Ciesp e divulgada no ano passado mostrou que o Custo Brasil encarece os produtos industriais brasileiros em 25,4%. Neste contexto, realizar uma Reforma Tributária que simplifique o sistema e traga isonomia aos segmentos econômicos é fundamental.

Segundo Alckmin, para o Brasil, uma política industrial contemporânea passa por digitalização, sustentabilidade, inovação e aumento de produtividade. Ele reconheceu que o setor produtivo tem sido duramente penalizado pela ausência de uma política de estado "hábil e eficiente".

Em relação à digitalização, Senai-SP, Fiesp e Ciesp saíram na frente com o lançamento da Jornada de Transformação Digital cujo objetivo é digitalizar 40 mil indústrias em São Paulo em quatro anos. A experiência paulista pode servir de farol para um programa nacional que favoreça a difusão e aplicação de tecnologias da indústria 4.0.

Para melhorar a produtividade, é preciso ter mão de obra qualificada, apta a atuar nesta era digital. Foi auspicioso ouvir do ministro que o Sistema S tem um papel relevante a cumprir na capacitação profissional. Como sabem os industriais paulistas, o Senai-SP faz este trabalho com excelência.

Por fim, vale destacar a importância que o ministro conferiu à sustentabilidade ao criar uma secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria. "A sustentabilidade é o ponto de partida de toda política industrial", declarou. Para Alckmin, esta é uma agenda prioritária, inclusive para assegurar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

Para alcançar esses objetivos, o ministro prometeu dialogar e atuar de forma alinhada com o setor produtivo. "O empresário brasileiro é qualificado, resiliente, atento às transformações e às demandas mundiais. Será da conciliação entre o Estado e o setor privado que resultará a implementação de políticas estruturadas de desenvolvimento da economia brasileira". Assim esperamos.

Vandemir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do Ciesp e 1º diretor secretário da Fiesp (vfjunior@terra.com.br)

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