Dom Arnaldo Carvalheiro

10/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Conheci pessoalmente, no Dia de Finados, o nosso sexto Bispo Diocesano, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto. É da simplicidade e de alma transparente.

As pessoas demonstram sua vivência de cada dia... Há tanta gente, infelizmente, de história danificada, que aguarda uma brecha de luz para juntar seus cacos e com eles construir uma obra de arte.

Participei da Missa, por ele presidida, na capela do Cemitério N. Sra. do Desterro. Afável o seu sorriso espontâneo, abençoando a todos os que ali se encontravam.

Sua homilia me emocionou desde o início. Contou-nos que seus pais faleceram cedo e que, ao ir para o Seminário, jovenzinho, sua mãe lhe entregou um santinho de Nossa Senhora Auxiliadora onde escreveu no verso: "Apesar da distância, o amor de Cristo nos une sempre". Falou com sentimento e com olhar de Eternidade. Sua expressão demonstrou ternura e a certeza daquilo que sua mãe escrevera. Transportei-me para o santinho da instituição da Eucaristia, com a data de 8/10/1934, que encontrei após os Anjos virem, em janeiro de 2021, buscar nossa mãe, no qual está escrito por uma pessoa de nome Nilce: "Irene, ama a Deus que não se esquece um só momento de ti e te ama muito mais do que podes compreender".

Sem dúvida, Dom Arnaldo sente a distância humana de seus pais – conheço essa dor -, consola-o, porém, sua fé e a escolha que fez de anunciar o kerigma. Como é intenso nele esse anúncio de que fomos feitos para o Céu; intenso porque não passa apenas por seu conhecimento, seus estudos, mas pelo coração.

Uma dor com sentido se nos considerarmos como peregrinos a caminho da Jerusalém celeste. Conforme destacou o Padre Márcio Felipe, meu amigo e diretor espiritual, Reitor e Pároco no Santuário Santa Rita de Cássia, em sua homilia na Missa de Todos os Santos e Santas, devemos lavar o coração no sangue do Cordeiro e o sangue do Cordeiro escorre da Cruz.

Foi com certeza que nosso Bispo enfatizou os três últimos versículos da 1ª. leitura (Jó 19,1.23-27): "Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros".

Plena a sua colocação sobre a Comunhão dos Santos, que rezamos no Credo. Uma só Igreja, a daqui e a do Céu. Unidos a quem partiu e eles a nós.  Disse com carinho que aqueles, que vieram homenagear os seus com preces e flores de todas as cores, traziam ao local a sensação do Jardim do Éden. Tudo tão para iluminar a alma. Veio-me a sensação de paz, aclarada também pela presença dos Seminaristas, vestidos com suas túnicas brancas, prontos a acompanhar as pessoas com o propósito de rezar com elas no túmulo de seus entes queridos. Comigo, Guilherm<ctk:2>e e Brenno. Agregaram-me ressurreição.

Era o que mais eu precisava naquela manhã cinza e fria, de palavras repletas de Páscoa, como foram as de nosso Bispo.

Terminada a Missa, fui cumprimentá-lo e lhe dizer o bem que me fez. Acolhedor, olha nos olhos, sereno, sem pressa para ouvir. O Pastor capaz de ser "brecha de luz" nas trevas de tantas vidas; o Pastor capaz, quando a vida machuca, de nos colocar no colo da Cruz, onde as feridas cicatrizam.

Com atraso, seja muito bem-vindo, Dom Arnaldo!

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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