27 de dezembro de 2024
PROBLEMA

Alcoolismo é principal motivo para levar pessoas à rua em Jundiaí

Por Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Landii / Wikimedia
O consumo de álcool afeta o indivíduo e toda a sociedade

Em Jundiaí, o consumo de álcool é responsável por levar a maioria das pessoas em situação de rua a esta condição. Ainda na cidade, o Caps especializado atende 186 usuários com questões ligadas ao uso problemático de álcool. A ingestão de bebida alcoólica no Brasil custa bilhões de reais à saúde do país todos os anos, mas a substância, que pode causar transtornos psicóticos, ainda é amplamente associada à diversão e ao lazer.

Dados da pesquisa sobre a população em extrema pobreza e em situação de rua em Jundiaí mostram que o principal motivo para as pessoas estarem nas ruas da cidade é o alcoolismo, doença crônica de dependência do uso de álcool. 25% das pessoas em situação de rua entrevistadas na pesquisa, ou ¼, apontaram dependência na bebida alcoólica como motivo para a condição.

E além de levar à condição de pobreza extrema, despesas com hospitalizações, perdas de produtividade e assistência social devido ao álcool, só em 2019, custaram ao Brasil R$ 18,8 bilhões no SUS, como aponta levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado pelas organizações ACT Promoção da Saúde e a Vital Strategies. Além dos problemas mais imediatos, o consumo de álcool também está associado ao câncer de boca e de estômago, tipos mais comuns entre os homens, e de mama, entre mulheres, e causa 12 mortes por hora no Brasil.

Atendimento em Jundiaí

Na cidade, pessoas que fazem uso problemático do álcool têm acesso a atendimento via Centro de Atenção Psicossocial (Caps). A unidade III da cidade, denominada Maluco Beleza, atende pessoas com questões ligadas ao uso de álcool e outras drogas. No momento, 186 usuários com questões ligadas ao uso problemático de álcool são acompanhados regularmente no local.

Segundo a Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), a partir da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, o atendimento aos usuários é estruturado de acordo com suas necessidades em saúde, avaliadas por equipe técnica capacitada para o atendimento em saúde mental. A partir desta avaliação, é construído um Projeto Terapêutico Singular para cada usuário, o qual contempla ações em diferentes intensidades de cuidado, desde atendimentos pontuais para casos estabilizados, até a internação hospitalar noturna para os períodos de crise.

O Caps atua com porta aberta, sem agendamento ou encaminhamento, atendendo a demanda espontânea. A pessoa que estiver em sofrimento por alguma demanda por uso de álcool e outras substâncias pode procurar diretamente o serviço, nos dias úteis, das 8h às 17h, quando passará por uma avaliação em saúde mental. A partir da formulação do Projeto Terapêutico, o usuário poderá passar por atendimentos multiprofissionais com psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem e médico, ser inserido em grupos e oficinas, além de participar de ações de articulação com a comunidade.

Sobre o tipo de atendimento oferecido, a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas reitera que a oferta realizada para cada tipo de caso depende da avaliação dos profissionais de saúde, que, a partir da compreensão das necessidades singulares do sujeito, ofertarão o cuidado necessário, o qual poderá contar com múltiplas ofertas. É importante também lembrar que o cuidado em saúde mental demanda intervenções múltiplas, não podendo ser centrado em uma única oferta, uma vez que o objetivo é a melhoria da qualidade de vida do indivíduo. Desta forma, o cuidado em saúde mental pode ser ofertado por meio de escuta acolhedora ao sofrimento psíquico, práticas integrativas e  complementares em saúde (auriculoterapia, práticas meditativas, fitoterapia, relaxamento guiado, entre outros), atividades de convivência (como ações envolvendo atividades físicas), além das ofertas clássicas, de atendimento médico e psicoterapias (sejam estes individuais ou grupais).

Também em Jundiaí, três unidades dos Alcoólicos Anônimos (AA) atendem a população que tem dependência da substância e deseja abandonar o vício. São atendidas cerca de 150 pessoas por mês nas reuniões de uma das unidades, embora muitas procurem os grupos contra a vontade e não deem prosseguimento aos encontros.