POLÍTICA

Flávio Paradella: Comissão Processante entra na reta final

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Vini Oliveira vive julgamento político que reflete mais sobre a Casa do que sobre o episódio em si
Vini Oliveira vive julgamento político que reflete mais sobre a Casa do que sobre o episódio em si

A Comissão Processante que analisa a conduta do vereador Vini Oliveira (Cidadania) entra na reta final e marca uma semana decisiva para o desfecho de um processo que, embora nascido de um episódio pontual, assumiu contornos simbólicos dentro da Câmara de Campinas. O caso expõe as tensões internas do Legislativo.

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Vini é acusado de quebra de decoro após filmar profissionais do Hospital Mário Gatti durante o plantão do Ano Novo, em suposta ação de fiscalização. A denúncia foi apresentada por uma médica, que se sentiu desacatada e apontou possível violação de dados sensíveis. A defesa do parlamentar sustenta que não houve invasão, exposição indevida nem agressão, mas sim uma tentativa de exercer sua prerrogativa de fiscalização.

O depoimento prestado por ele na última semana, embora articulado e estratégico, também revelou o tom de embate político. Vini manteve o estilo direto que o tornou conhecido, pediu desculpas pontuais, mas reforçou a narrativa de que está sendo julgado por incomodar — e não pelo que efetivamente fez.

Nesse ponto, a situação se torna emblemática. O julgamento do novato mais barulhento da legislatura aponta para uma sensação nos bastidores de que o processo virou também um recado ao estilo Vini de fazer política — agressiva, visceral e tendo como intuito engajar nas redes sociais. Um incômodo mais de forma do que de fundo.

A defesa tem até quinta-feira para apresentar as alegações finais. O parecer da comissão será conhecido no dia seguinte, e caberá ao plenário em sessão ordinária, antes do recesso, decidir o destino do mandato. Para cassar, são necessários 22 votos entre os 33 vereadores.

O desfecho ainda é incerto. Mas, qualquer que seja a decisão, a votação servirá como espelho da Câmara: revelará o que ela considera imperdoável — e, mais ainda, o que ela está disposta a tolerar.

Faltou quórum

A votação do projeto que institui um plano de cargos na Rede Mário Gatti de Urgência e Emergência Hospitalar, criando 308 novos cargos, foi adiada por falta de quórum na sessão desta segunda-feira na Câmara de Campinas. No momento da contagem, apenas 14 vereadores estavam presentes, número abaixo da maioria simples exigida pelo regimento interno para continuidade dos trabalhos legislativos.

Única a discursar antes da interrupção, a vereadora Guida Calixto (PT) se posicionou contra a proposta. Segundo ela, embora os servidores esperem por um plano de cargos e salários, o projeto prioriza funções de gestão e não contempla cargos essenciais como médicos e técnicos de enfermagem. Guida também alertou para riscos de terceirização na ausência de regulamentação desses profissionais.

Antes da interrupção, os vereadores aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026 e a reestruturação administrativa da Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec). A LDO define as prioridades da Prefeitura para o próximo ano e é fundamental para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).

Já o projeto da Fumec propõe uma atualização da legislação de 1997, com modernização dos processos de gestão, atualização do quadro de cargos, redefinição de finalidades institucionais e revisão de gratificações. O vereador Paulo Haddad defendeu a proposta como essencial para adequar a Fundação aos avanços da educação no município.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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